E vem aumento de diesel por aí... Qual o impacto para o custo de frete?
A Petrobras sinaliza um novo aumento do diesel para 2013, estimado em 15%. Não se sabe ainda se esse aumento será realizado em uma única parcela ou em dividido em duas ou mais vezes; a presidente Dilma aguarda as projeções econômicas feitas pelo Ministério da Fazenda para avaliar o impacto dessa medida sobre a inflação.
Seja qual for o aumento, obviamente existirá impacto sobre o custo do frete, já que o diesel é um dos principais (senão o principal) itens de custo para o transporte de cargas. O diesel, como custo variável, está atrelado à quilometragem rodada do veículo, portanto, quanto mais o veículo rodar, maior será o impacto do diesel sobre o custo total de transporte.
Mas qual o impacto desse aumento para as Transportadoras e consequentemente para os Embarcadores ou tomadores de frete? Para simplificar o cálculo, vamos considerar um aumento do diesel de 10%.
Em operações de distribuição urbana, na qual são utilizados veículos de pequeno e médio porte como utilitários, VUCs (Veículo Urbano de Carga, com comprimento máximo de 5,50 metros) e VLCs (Veículo Leve de Carga, com comprimento máximo de 6,30 metros), os custos fixos sobressaem sobre os custos variáveis, devido às pequenas distâncias percorridas. É raro um veículo de coletas ou entregas ultrapassar 100 km rodados em um dia realizando entregas (e até coletas) na região metropolitana que envolve as grandes cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Vitória, Curitiba, Florianópolis, Joinville, Blumenau, Porto Alegre, Caxias do Sul, Recife, Salvador, Fortaleza, Manaus, Belém, Brasília, Goiânia, etc. O componente tempo tem maior peso sobre o componente distância percorrida. É comum os veículos permanecerem muito mais tempo parado, em descarga ou aguardando descarga, do que realmente rodando, se deslocando de um ponto para outro, fora o tempo perdido em trânsito, nos costumeiros congestionamentos que ocorrem com cada vez mais frequência nas cidades mais populosas do Brasil. No caso de um veículo terceirizado, que cobre uma diária de entrega entre R$ 250,00 e R$ 400,00, o diesel representará no máximo algo entre 15% e 20% do custo operacional total. Portanto, para um aumento de 10% no valor do diesel, o impacto no frete de distribuição urbana será de 1,5% a 2,0%. Basta multiplicar 10% por 15% (ou 20%) para obtermos o índice de correção do preço do frete.
Em operações de média distância, onde o veículo percorre 250 km a 500 km, o diesel terá uma representatividade maior, podendo responder por 20% a 30% dos custos totais, portanto, um aumento do preço do combustível significará um reajuste de 2,0% a 3,0% do frete.
Em viagens de média a longa distância, de 500 km a 1.500 km, o diesel representará algo entre 30% e 35%; um reajuste de 10% no preço do diesel provocará uma elevação de 3,0% a 3,5% no custo do frete.
Nas viagens de longuíssima distância, de 1.500 km a 3.000 km, o diesel terá um peso entre 35% e 40%, portanto, 10% de aumento impactará em um reajuste dos fretes entre 3,5% e 4,0%.
Com a Lei 12.619, que disciplina a jornada do motorista profissional, deveremos ter uma alteração nesse perfil de custos, devido ao aumento dos tempos de trânsito, ou seja, as distâncias permanecerão as mesmas, mas os tempos envolvidos aumentarão entre 40% e 50% nas viagens de longa distância, reforçando a incidência dos custos fixos relacionados ao motorista, depreciação do veículo e remuneração do capital. Resumindo, os custos variáveis pesarão menos no bolso das empresas, dentre eles o próprio diesel. Não é possível definir exatamente o valor dessa parcela de redução, pois será preciso avaliar caso a caso.
Portanto, além dos recentes impactos resultantes da nova lei, será preciso calcular os novos custos com o aumento do diesel, previsto para o início de 2.013.
Cada vez mais seremos colocados em situações que exigirão uma minuciosa avaliação dos custos. Se você não está pronto, prepare-se. Conhecer custos deixou de ser um diferencial e passou a ser uma competência básica de qualquer profissional em nível tático e estratégico. Você está pronto?
Marco Antonio Oliveira Neves – Diretor da Tigerlog Consultoria e Treinamento em Logística.
Contato: marco.antonio@tigerlog.com.br
Fonte: Portal LogWeb - SP