Brasil deve criar modelo de eficiência energética para veículos pesados


Experiências internacionais foram compartilhadas durante o 1º seminário sobre o tema realizado na CNT, em Brasília.

Países como Japão, Estados Unidos e China já implantaram ou estão em fase de implantação de programas de eficiência energética para veículos pesados. Na Europa, essa também é uma realidade. De acordo com o coordenador das atividades do International Council on Clean Transportation(ICCT) no Brasil, Cristiano Façanha, o país tem que se inspirar no que tem sido feito no exterior sobre o tema para desenvolver um programa próprio.

“Temos aqui uma realidade muito distinta da americana, por exemplo. Enquanto lá os veículos pesados são responsáveis por 25% do consumo de combustíveis, no Brasil, esse número chega a 62%. No entanto, há detalhes das políticas americanas que podem ser aplicadas ao Brasil. É interessante, também, ver os aspectos que são similares aos outros países em desenvolvimento, como a China, onde os caminhões operam com uma velocidade menor, com cargas mais pesadas, realidade que se aplica um pouco mais ao Brasil. Então é importante ter uma capacitação técnica suficiente para poder avaliar o que de determinados países pode ser adotado aqui”, explicou Façanha nesta quarta-feira (5), durante o 1º Seminário Internacional sobre Eficiência Energética de Veículos pesados promovido pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) e pelo programa ambiental Despoluir.

Segundo Façanha, o grande problema do Brasil é a falta de dados em relação aos veículos pesados, o que dificulta o desenvolvimento de um programa nacional. Ele destacou em sua palestra que, para alcançar o máximo da eficiência, é necessário aliar uma série de fatores.

“É possível ampliar em até 40% a eficiência energética se você adotar medidas como a aplicação de pneus mais eficientes, que conferem menor resistência; uso de defletores aerodinâmicos, principalmente para caminhões que percorrem estradas; melhorias nas tecnologias de motores como a hibridização; uma boa gerência da frota, e, claro, treinamento adequado para condutores”, garantiu.

Experiência estrangeira
Padrões de eficiência energética já foram adotados no Japão e Estados Unidos, mas só estão previstos para iniciar nos próximos anos. O primeiro a introduzir o programa foi o Japão, em 2005, que terá vigência a partir de 2015. O objetivo é reduzir o consumo de combustíveis em 12%, além de diminuir a emissão de poluentes na frota nova. As regras vão valer para veículos de carga com mais de 3,5 toneladas e para ônibus com capacidade acima de 11 passageiros.

Nos EUA, o padrão vai de 2014 a 2018, e pretende reduzir o consumo de combustíveis de 6 a 23%, dependendo da categoria dos veículos. O padrão será específico para o motor, com o objetivo de proporcionar uma sinergia com o processo de redução da emissão de poluentes. O Canadá está seguindo os mesmos passos dos Estados Unidos, enquanto a China tem uma proposta que deve ser aprovada em um ano, estimando a redução no consumo em aproximadamente 11%. O que existe por lá, por enquanto, é um padrão já adotado apenas pela indústria.

“O interessante é você não refazer a roda, há muitos estudos técnicos feitos lá fora. O
importante é contextualizar para a nossa realidade. Falta fazer um estudo técnico para o Brasil para determinar quais são as melhores tecnologias”, detalhou Cristiano Façanha.

Ainda no primeiro dia do Seminário da CNT, a diretora executiva do Clean Air Asia (CAI-Asia), Sophie Punte (foto ao lado), apresentou um panorama da situação na Ásia, com destaque para a Ìndia. Ela ressaltou um problema que assola a maioria das grandes cidades asiáticas: a poluição. “Alguns países estão adotando políticas de padrões, principalmente no sudeste asiático, que devem reduzir a emissão de poluentes e ampliar a eficiência energética. São modelos de programas que, acredito, também poderiam ser adotados no Brasil e na América Latina”.

Fotos: Júlio Fernandes/Agência Full Time

Fonte: Agência CNT de Notícias