Roubo de cargas cresce em Minas Gerais e acende alerta no setor de transporte


Minas Gerais registrou um aumento significativo na participação dos roubos de carga no terceiro trimestre, saltando de 7,1% em 2024 para 21,7% em 2025. A elevação representa um avanço de 14,5 pontos percentuais e evidencia uma mudança relevante no mapa da criminalidade logística no país.

Os dados foram analisados pelo assessor de segurança da FETCEMG, Ivanildo Santos, com base em informações da Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP). O levantamento aponta uma redistribuição geográfica dos prejuízos causados pelo roubo de cargas no Brasil, com redução da concentração histórica nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo e crescimento expressivo em Minas Gerais.

De acordo com os números nacionais da SENASP, até o final de outubro de 2025, o Brasil contabilizou 16.625 ocorrências de roubo de carga. No período compreendido entre janeiro de 2024 e setembro de 2025, os prejuízos superaram R$ 9 bilhões em prêmios pagos pelas seguradoras, refletindo o impacto direto sobre os custos do transporte e da cadeia produtiva.

No Sudeste, o Rio de Janeiro, que liderava as ocorrências no terceiro trimestre de 2024 com 45,2%, reduziu sua participação para 21,4% no mesmo período de 2025. São Paulo também apresentou queda, passando de 38,4% para 22,3%. Em contrapartida, Minas Gerais apresentou crescimento expressivo, consolidando-se como um dos principais pontos de atenção para o setor.

As cargas mais visadas na região Sudeste foram as fracionadas, responsáveis por 50,5% do prejuízo total, seguidas por alimentos (27,1%), medicamentos (7,3%), produtos de higiene e limpeza (5,8%), eletrônicos (4%), têxteis (3,3%) e produtos siderúrgicos (2%).

O levantamento também indica que as ações criminosas ocorrem, majoritariamente, em trechos urbanos (29,1%), no período da tarde (33,5%) e aos domingos (26,3%), o que reforça a necessidade de estratégias específicas de prevenção e monitoramento.

Segundo Ivanildo Santos, os impactos do roubo de cargas vão muito além da perda da mercadoria. “O prejuízo se multiplica ao longo de toda a operação. Hoje, o transportador destina entre 12% e 17% do seu faturamento apenas para medidas de segurança, como gerenciamento de riscos, tecnologias de rastreamento, segurança patrimonial, renovação de frota e contratação de profissionais especializados”, explica.

O assessor destaca ainda os efeitos sobre os trabalhadores do setor. “Há também o custo humano. Motoristas vítimas desse tipo de crime frequentemente necessitam de acompanhamento psicológico, o que gera impactos adicionais para as empresas e para o próprio profissional”, afirma.

Outro reflexo direto é a evasão de motoristas da atividade. O aumento do risco nas rodovias e nos perímetros urbanos tem afastado profissionais do volante, agravando a escassez de mão de obra no transporte rodoviário de cargas.

“O impacto financeiro ultrapassa a perda direta da carga. O risco elevado encarece os seguros, custos que acabam sendo repassados ao consumidor final, ampliando o chamado ‘Custo Brasil’”, reforça Ivanildo Santos.

Para mitigar os riscos, o assessor da FETCEMG dá algumas dicas: "É importante adotar critérios rigorosos na contratação de motoristas, no monitoramento contínuo das cargas e, principamentel, investir de forma permanente em inteligência e prevenção. Essas são medidas essenciais para reduzir as ocorrências", finaliza.