Ações pela segurança no TRC foram tema de seminário na Câmara dos Deputados


A segurança no transporte rodoviário de cargas foi o foco central do 24º Seminário Brasileiro do Transporte Rodoviário de Cargas, realizado na manhã desta quarta-feira (11), no auditório Nereu Ramos, na Câmara dos Deputados, em Brasília (DF). O evento foi promovido pela Comissão de Viação e Transportes, da Câmara, com o apoio da NTC&Logística (Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística) e do Sistema Transporte. A FETCEMG acompanhou o evento, representada pelo diretor Adalcir Lopes.

A solenidade de abertura reuniu o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta; o presidente da Comissão de Viação e Transportes, deputado Maurício Neves; o diretor adjunto nacional do SEST SENAT, Vinicius Ladeira; o presidente da NTC&Logística, Eduardo Rebuzzi; a secretária nacional de Transporte Rodoviário, Viviane Esse, que representou o Ministério dos Transportes; e o superintendente de Serviços de Transporte Rodoviário e Multimodal de Cargas, José Aires Amaral Filho, da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres).

O presidente da Câmara destacou a importância estratégica do transporte de cargas para a economia nacional e ressaltou a necessidade de se investir em infraestrutura adequada, estradas seguras e na valorização dos profissionais da área. Afirmou também que a Casa Legislativa atua permanentemente para ouvir o setor, propor leis eficazes e buscar soluções que garantam equilíbrio e eficiência à logística brasileira.

Representando o Sistema Transporte, Vinicius Ladeira reafirmou o compromisso institucional com o enfrentamento à criminalidade nas rodovias e com a promoção de um ambiente mais seguro para transportadores e motoristas. Ele mencionou que o roubo de cargas segue como uma das principais preocupações do empresariado, conforme revelado no estudo Análise de Grandes Riscos do Setor de Transporte, publicado pela CNT em 2023. Segundo Ladeira, o combate a esse tipo de crime deve ser tratado como uma questão de segurança pública e de desenvolvimento logístico, e não apenas como pauta do setor privado.

Ele também destacou iniciativas como os fóruns promovidos pela CNT para debater o tema, incluindo um encontro recente com a presença do ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski. Outro exemplo citado foi o Programa Transporte Seguro, iniciativa do SEST SENAT em parceria com o governo federal e a Organização dos Estados Ibero-Americanos. O programa oferece capacitação gratuita e online para motoristas, transportadores autônomos e agentes públicos, promovendo a cultura da prevenção e a atuação integrada no combate à criminalidade.

Desafio complexo

O presidente da NTC&Logística, Eduardo Rebuzzi, reforçou que o roubo de cargas se tornou um dos maiores desafios do setor, ultrapassando inclusive outras modalidades criminosas, como o tráfico de drogas. Anunciou ainda a criação da Aliança Nacional de Entidades do Setor pela Segurança Logística, que deverá culminar na formalização do Pacto Nacional pela Carga Segura. A iniciativa terá metas e diretrizes voltadas à repressão qualificada aos crimes logísticos.

Em sua fala, o deputado Maurício Neves destacou a urgência de medidas estruturais e informou que, somente em 2024, o prejuízo com cargas roubadas já ultrapassa a marca de R$ 1 bilhão. O parlamentar defendeu a elaboração de estratégias de prevenção e repressão com a cooperação entre órgãos públicos e empresas privadas. Anunciou também o Projeto de Lei nº 1.743, de 2025, que propõe a obrigatoriedade da rastreabilidade de produtos no país, além da elevação das penas para crimes de receptação. Segundo ele, é necessário dobrar a punição para quem adquire ou comercializa produtos provenientes de roubo de cargas. O deputado foi homenageado com o Troféu Destaque NTC, concedido a personalidades que contribuem para o fortalecimento do setor.

Após a abertura oficial, foi realizado o painel Carga Segura com estratégias contra o crime no transporte de cargas. A mesa contou com representantes da Polícia Federal, Receita Federal, Ministério da Justiça e lideranças empresariais.

O Sistema Transporte também esteve representado pelo vice-presidente da CNT para o Transporte Rodoviário de Cargas, Flávio Benatti; pela diretora executiva interina da CNT, Fernanda Rezende; pelo presidente do Conselho Regional do SEST SENAT de São Paulo e da Fetcesp (Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Estado de São Paulo), Carlos Panzan; pelo presidente do Conselho Regional do SEST SENAT de Santa Catarina e da Fetrancesc (Federação das Empresas de Transporte de Carga e Logística no Estado de Santa Catarina), Dagnor Schneider; pelo presidente do Conselho Regional do SEST SENAT do Paraná e da Fetranspar (Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Estado do Paraná), Sérgio Luiz Malucelli; pelo presidente do Conselho Regional do SEST SENAT do Centro-Oeste e da Fenatac (Federação Interestadual das Empresas de Transporte de Cargas), Paulo Lustosa; pelo presidente da Fetranslog/NE (Federação das Empresas de Transporte de Cargas e Logística do Nordeste), Marcelo Maranhão; e pela gerente executiva de Poder Legislativo, da CNT, Andréia Cavalcanti.

 

Ceará está entre os 10 estados do Brasil que mais registrou roubo de cargas em 2024

O roubo de cargas caiu 11% no Brasil entre 2023 e 2024, mas ainda é um desafio para o transporte de mercadorias pelo país. Os números foram apresentados pelo representante da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), José Aires Amaral Filho, durante o Seminário Brasileiro do Transporte RODOVIáRIO de Cargas, promovido pela Comissão de Viação e Transportes da Câmara nesta quarta-feira (11).

No Brasil, cerca de 65% das cargas são transportadas por rodovias. São 813 mil transportadores cadastrados, que fazem mais de 6 milhões de viagens intermunicipais e interestaduais por mês, segundo José Aires.

O Ceará está entre os 10 estados do Brasil com maior índice de roubos de cargas em 2024. Ao lado do Ceará, estão São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraná, Bahia, Minas Gerais, Pará, Mato Grosso e Maranhão.

O técnico da ANTT informou ainda que, apesar da redução nos roubos nas estradas, a análise de risco feita pelas empresas desde a pandemia fez cair a margem de lucro do setor. Além disso, uma lei de 2023 (Lei 14.599/23) estabeleceu novas regras para transporte de carga, exigindo que as empresas contratem três seguros.

José Aires suspeita que as estatísticas sobre furtos e roubos de cargas possam estar distorcidas por problemas de caracterização do crime. “Existe uma dificuldade muitas vezes conceitual do que seriam carga, pequenas cargas, pequenos roubos, furtos, e isso acaba prejudicando até mesmo as estatísticas e o planejamento da segurança pública”, disse.

Citando dados da associação de logística, o presidente da Comissão de Viação e Transportes da Câmara, deputado Mauricio Neves (PP-SP), destacou que o transporte de cargas perdeu, em 2024, mais de R$ 1 bilhão em mercadorias roubadas.

 

Fonte: CNT e NTC