Transporte, o maior gargalo


Investimentos visam melhorias na infraestrutura para que o País possa continuar crescendo

O grande nó para a infraestrutura brasileira, a área de transporte, recebeu recursos anuais de cerca de R$ 26 bilhões, desde 2010. Desta maneira, a presidente Dilma Rousseff tem conseguido manter o mesmo nível de investimento no setor ao longo da gestão. Segundo o economista e coordenador de infraestrutura econômica do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Carlos Campos, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) representou o início de uma retomada dos investimentos, embora fosse necessário quatro vezes mais para recuperar a ausência desses investimentos nas décadas de 1980 e 1990. "Precisamos chegar a cerca de R$ 100 bilhões por ano, para recuperar o que não foi feito antes", diz Campos. Em 2003, eram R$ 7,5 bilhões anuais.

O deputado federal Cândido Vaccarezza (PT/SP) defende que, nos últimos doze anos, o Brasil voltou a investir. "Já mudamos o padrão de infraestrutura nos portos, aeroportos e estradas. Mas o Brasil ainda precisa de muito mais", diz ele.

Segundo o último balanço do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2), foram investidos entre 2011 e 2013, em obras já concluídas no setor de transporte, R$ 43,8 bilhões. O relatório mostra que, ao todo, o governo executou em infraestrutura, no mesmo período, R$ 773,4 bilhões - 76,1% do previsto até o final de 2014 - e concluiu obras e ações no valor de R$ 583 bilhões - 82,3% do previsto também até o final deste ano.

De acordo com os dados do governo, já foram entregues 3.080 quilômetros de rodovias construídas e duplicadas e outros 6.915 quilômetros estão com obras em andamento, em todas as regiões do País. Além disso, 639 quilômetros de novas ferrovias foram concluídos e 2.471 quilômetros estão em andamento.

Para o deputado Vaccarezza, o Brasil é muito dependente de estradas, por isso é preciso investir em ferrovias, hidrovias e navegação de cabotagem. "Os investimentos estão sendo feitos e vão trazer resultados já no curto prazo", afirma. Ele cita a escoação da produção agrícola como uma das atividades mais afetadas pela situação deficitária na área de transporte.

O agronegócio é apontado também por José Matias Pereira, economista e professor de administração pública da Universidade de Brasília (UnB), como um dos setores que mais deram certo na economia brasileira, mas que sofre com a falta de infraestrutura logística e, consequentemente, com os custos elevados. "É preciso resolver o gargalo da infraestrutura para que o setor funcione", defende.

Já os investimentos nos portos e aeroportos ganharam impulso com a realização da Copa do Mundo no Brasil. O valor total para ações em obras relacionadas à Copa era previsto em R$ 25,6 bilhões. A poucos dias do início do mundial, o valor executado, segundo o Portal da Transparência, é de R$ 15,6 bilhões.

O secretário Wagner Caetano, da Secretaria Nacional de Relações Político-Sociais da Secretaria-Geral da Presidência da República, afirma que os investimentos para a Copa se transformaram em uma "janela de oportunidades", com várias obras públicas e privadas no País.

De acordo com o Ministério do Esporte, a expectativa é que a Copa do Mundo movimente cerca de R$ 30 bilhões. "Isso é mais do que todos os recursos investidos nas 12 cidades-sede em estádios, aeroportos, portos, infraestrutura de transporte, segurança, telecomunicações", informou em nota o ministério.

Entre as dez maiores obras do PAC ainda estão as do setor de energia. A hidrelétrica de Belo Monte, com investimento de R$ 28,9 bilhões, será a terceira maior do mundo, atrás apenas de Itaipu, no Paraná, e Três Gargantas, na China. O governo já investiu no setor, em obras concluídas, R$ 196,8 bilhões.

Mas há outros entraves para que as obras saiam de fato do papel, de acordo com o economista do Ipea, como contratos mal elaborados, intervenções do Tribunal de Contas da União (TCU) e do Ministério Público, demora nas licenças ambientais e desapropriações, pendências judiciais e falta de projetos de qualidade. "O País ficou tanto tempo sem investimentos, que falta experiência na elaboração de projetos", afirma.

Fonte: DCI - Via NTC&Logística

Foto: Cristina Horta/EM