Transporte na Copa do Mundo
Senhores leitores, começou o ano da tão esperada, desejada e agora também polêmica Copa do Mundo no Brasil, eleito como a terra do futebol uma vez que é a única nação com cinco campeonatos.
Os estádios foram muito bem preparados, o nosso sistema de hotelaria cresceu de forma significativa e deixará um legado virtuoso para Belo Horizonte que poderá se firmar como polo de turismo de negócios. A melhoria na mobilidade urbana foi muito prometida, mas de fato teremos um pequeno avanço com a implantação dos BRT para antes da copa.
No entanto, um tema aparentemente esquecido nos preocupa neste momento: o transporte de bens na Copa. Os mais otimistas preveem crescimento da economia em função da Copa. Toda produção precisa circular, chegar ao seu destino.
A indústria de confecção e artigos esportivos está preparada para produzir e vender seus produtos. A cadeia de entretenimento prepara hotéis, bares, restaurantes para receber os turistas internacionais e mesmo os brasileiros, mas para tudo isto tornar-se realidade é preciso que os produtos a ser consumidos estejam à disposição nas prateleiras, cozinhas e freezes, e aí esta nossa preocupação. Como abastecer a cidade com as restrições impostas pela FIFA?
Por ocasião da Copa das Confederações fomos surpreendidos por restrições absurdas, como a proibição do tráfego de bi-trens em trechos de rodovias federais a mais de 600 km dos estádios onde ocorreriam os jogos. Um exemplo foram as restrições nas rodovias federais que passam por Uberlândia. Assim, como faremos para escoar nossa salvadora safra do Centro-Oeste até os portos de Santos ou Paranaguá? Todos os grãos têm que passar por Minas Gerais e não poderemos ficar 40 dias sem transporte e por consequência sem exportação.
De forma ainda mais dramática foi a restrição no Anel Rodoviário de Belo Horizonte. Proibir o tráfego de caminhões no Anel Rodoviário é parar a economia, pois a maioria dos caminhões que passam por ali está em trânsito entre o Espírito Santo, Vale do Aço, Nordeste para São Paulo e a região Sul do país.
Também nos preocupam as restrições de produtos perigosos de forma indiscriminada por longos períodos, como os gases hospitalares e combustíveis. Não podemos deixar de abastecer os hospitais durante a Copa. Combustível é produto perigoso. Nossos postos podem ficar sem eles? Gás de cozinha é produto perigoso. Como abastecer os restaurantes e residências nestes períodos?
Não somos contra a realização da Copa, mesmo porque vemos como inevitável neste momento. Aproveitamos para falar de forma bem breve que não concordamos com as manifestações contra a Copa por entendermos serem totalmente extemporâneas e sem objetivo. As pessoas contra deveriam ter manifestado na ocasião que o Brasil foi eleito como país sede do evento, pois naquela época poderia ter o efeito de não fazer, agora significa apenas tumultuo e não agrega nada.
Nosso objetivo nesta coluna é colocar o tema em debate. Chamarmos nossos clientes, empresários da indústria e comércio, para juntos alertarmos as autoridades sobre a necessidade de garantirmos o abastecimento como forma de viabilizar a realização dos jogos oferecendo segurança e bem estar a todos.
Vander Francisco Costa - presidente da Fetcemg Federação das Empresas de Transportes de Carga do Estado de Minas Gerais