Transporte de cargas precisa de melhoria na RMBH, diz Crea
Abastecimento urbano carece de estrutura adequada
A solução para a mobilidade urbana da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) depende não só da melhoria do transporte público da Grande BH e da reorganização do trânsito da Capital, como também da otimização do transporte de cargas que abastece os centros urbanos dos municípios inseridos na região. Foi o que revelou um estudo da Câmara Temática de Mobilidade Urbana do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Minas Gerais (Crea-Minas), que avaliou a situação dos principais corredores de tráfego da RMBH.
O documento completo foi concluído com propostas para a gestão dos sistemas metropolitano e municipais, novos modais, sugestões de tecnologias, novas linhas e trajetos de sistemas de alta e média capacidade, tarifas e financiamento do sistema, aspectos logísticos, mobilidade e cargas na RMBH. O trabalho será destinado aos órgãos responsáveis e aberto à população para consulta pública.
No que se refere ao transporte de cargas, o Crea-Minas indica a elaboração de diagnósticos do setor, bem como a construção de plataformas logísticas intermodais nas principais saídas de Belo Horizonte e de centros de distribuição públicos no centro da capital mineira, e a criação de vagas para carga e descarga próximo das áreas comerciais.
De acordo com o assessor da Câmara Temática de Mobilidade Urbana da entidade, Normando Leite, os itens propostos dizem respeito à relação da mobilidade com a logística urbana dos municípios inseridos na RMBH. Conforme ele, a ideia é inserir este tipo de veículo no sistema, de maneira a criar elos entre o transporte de cargas e as pessoas. "Se existe demanda em relação ao fluxo de passageiros, devido principalmente à educação e ao trabalho, as regiões de destino precisam ser abastecidas", justifica.
Plataformas - Neste sentido, Leite ressalta que seria necessário a implementação de algumas ações já previstas, inclusive, no Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado da RMBH (PDDI-RMBH). Como ações emergenciais, estariam a realização de diagnósticos do setor, como pesquisa de origem e destino de cargas de abrangência metropolitana, estudo de demanda por espaços públicos para armazenagem de cargas, principalmente pelo setor varejista, e estudos de simulação de vários cenários e seus impactos. Além disso, no curto prazo, o plano propõe a implantação progressiva de três plataformas logísticas.
O consultor da Federação das Empresas de Transportes de Carga do Estado de Minas Gerais (Fetcemg), Luciano Medrado, que participou da elaboração do documento por parte do Crea-Minas, ressalta a importância da inclusão do segmento nos estudos e propostas de melhoria. "Num conceito muito simples, as pessoas somente irão se deslocar se a origem e o destino delas estiverem abastecidos", resume.
Segundo Medrado, as ideias propostas pelo PDDI-RMBH e complementadas pela entidade são mais do que necessárias para a reorganização do espaço urbano da Grande BH. Ele lembra que alguns projetos já estão sendo elaborados. A implantação de plataformas logísticas, por exemplo, já passou por procedimento de manifestação de interesse (PMI) e deverá ter os editais lançados logo após as eleições. "São projetos para estarem prontos em três anos", prevê.
Fonte: Diário do Comércio