Transporte de cargas deve ter avanço de 2%
O setor de transporte de cargas e logística de Minas Gerais enfrentou muitos desafios ao longo de 2021. A demanda pelos serviços cresceu, porém, as empresas do setor enfrentaram dificuldades para atender ao mercado. A falta de peças, pneus e até mesmo de caminhões novos comprometeu, em parte, a capacidade de ampliação dos atendimentos. Além disso, o aumento dos custos, principalmente, com o diesel, que subiu quase 50% em 2021, impactou o setor. Mas, mesmo com os desafios, o resultado foi melhor que em 2020 e a tendência é crescer cerca de 2% em 2022.
De acordo com o presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas e Logística de Minas Gerais (Setcemg), Gladstone Viana Diniz Lobato, em 2021 a estimativa é de que o setor de cargas gerais tenha crescido cerca de 5% sobre 2020. Porém, ele considera que a base não é boa para comparação, já que foi marcada pelo início da pandemia de Covid-19.
Em relação a 2019, Lobato também explica que não é possível comparar, pelos anos de 2019 e 2021 terem sido muito diferentes em relação às condições de trabalho do setor, custos e mercado.
“Tivemos um ano relativamente bom, apesar dos custos com insumos terem aumentado muito. Somente no óleo diesel tivemos mais de 50% de alta. Os componentes, peças para manutenção e pneus também tiveram os preços aumentados”, afirma.
Ainda segundo Lobato, outro desafio enfrentado foi a falta de peças para manutenção da frota. A oferta de caminhões novos também ficou bem restrita, impedindo a ampliação e renovação da frota.
“A falta de peças e itens de manutenção continua e vem prejudicando o setor. Tivemos em 2021 uma demanda boa do mercado, mas não conseguimos acompanhar porque não havia caminhões para comprar. O setor poderia ter apresentado resultados mais expressivos se não fossem estes problemas”, avalia.
Entre os setores que mais demandaram transporte estão a construção civil, mineração e agronegócio e o abastecimento das cidades. “Este ano, a demanda da construção civil aumentou bem. Outro destaque foi o agronegócio e o transporte de minério, que puxam bastante nossa demanda”.
Futuro favorável
As expectativas para este ano são mais positivas e pode haver um crescimento de 2% do setor. Segundo Lobato, a estimativa é de que haja maior regularidade na oferta dos insumos, como as peças de manutenção e pneus, o que será importante para atender à demanda das empresas transportadoras. A regularização, ainda que não total, também é aguardada na oferta de caminhões novos.
“Esperamos que 2022 seja um ano de certa melhora na oferta de insumos. Com o aumento da inflação deve haver queda na demanda e o mercado ficar mais abastecido, mas isso não significa que teremos custos menores. Também esperamos uma maior estabilidade nos preços do diesel, para que o setor de transporte tenha um ano melhor”, diz.
Em relação às estimativas da demanda vinda dos principais setores atendidos, é esperada pequena queda na construção civil, enquanto o setor agrícola e pecuário deve manter a demanda elevada. Já para a mineração, o cenário é incerto e dependerá do mercado mundial.
“Sabemos que a previsão é que a construção civil apresente uma queda de cerca de 5% em 2022 em função do aumento dos preços, o que pode impactar a demanda pelo transporte. No agronegócio as estimativas indicam que o setor vai continuar muito bem. Já o mercado de minério depende dos mercados da Europa, Estados Unidos e China”.
Eleições
Um dos receios para 2022 é o período eleitoral, que traz instabilidades e pode impactar de forma negativa a intenção de investimentos por parte dos empresários.
“Com as eleições, estamos esperando instabilidade em função do não saber o que vem pela frente. Isso gera dúvidas na hora de investir. Isso pode prejudicar o setor, porque, se não tem investimentos, não tem demanda de transporte. Estamos esperando que saiam os projetos de privatizações, da BR-381, os projetos das ferrovias, que vão trazer um movimento muito grande para o Estado e favorecer também nosso setor”, conclui.
Fonte: Diário do Comércio -
https://diariodocomercio.com.br/economia/transporte-de-cargas-deve-ter-avanco-de-2