Transportadores estão investindo menos em frota


Fraco desempenho da economia deixa setor cauteloso em Minas Gerais

Leonardo Francia

O setor de transportes de cargas de Minas Gerais, considerado um termômetro da economia, uma vez que reflete o escoamento da produção de praticamente todos os segmentos da indústria e também do comércio, está perdendo a capacidade de investir na renovação ou ampliação da frota. "Os aportes em frota estão andando de lado. São poucos negócios e sem euforia", afirmou o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Carga do Estado de Minas Gerais (Setcemg), Sérgio Luiz Pedrosa. Segundo ele, pressionado por um passivo trabalhista oneroso, pelo fraco desempenho da economia nacional e pela dependência das indústrias de mineração e siderurgia, o setor deve ter um crescimento tímido de faturamento neste ano na casa dos 2% sobre 2013, acompanhando as previsões para a evolução do Produto Interno Bruto (PIB) do país. "Começamos o ano no mesmo ritmo de 2013. Os negócios estão estáveis e acompanham o desempenho da indústria mineira", pontuou. O "sentimento" dos empresários do setor, continua Pedrosa, é de cautela para o restante do exercício. " um ano atípico, com Copa do Mundo e eleições e a palavra de ordem é cautela", acrescentou.

Dependência - Um dos problemas que as transportadoras de cargas vêm enfrentando em Minas é a dependência da cadeia produtiva do aço, que de fato é a principal atividade econômica do Estado. "O setor, especialmente nas regiões Central e Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), é dependente das indústrias de mineração e siderurgia", destacou o presidente do Setcemg. Para Pedrosa, apesar de a economia nas regiões do Triângulo Mineiro, Norte de Minas e Sul ser mais diversificada, as transportadoras mineiras têm a maior parte de seus negócios vinculada ao setor minero-siderúrgico. "Cada empresa tem sua estratégia, mas esta fase de margens apertadas da cadeia siderúrgica prejudicou as transportadoras", disse. Outro entrave que vem se tornando um dos maiores empecilhos para novos aportes nos últimos anos são as ações trabalhistas de caminhoneiros contra as empresas. De acordo com o presidente do Setcemg, historicamente, os motoristas, pelas características do trabalho, eram considerados "sem jornada de trabalho fixa", mas nos últimos anos alguns juízes de varas trabalhistas passaram a interpretar de outra forma. "Alguns juízes interpretaram que motorista de caminhões é sim uma profissão passiva de jornada de trabalho, mas o setor está organizado para trabalhar de outra forma. Isso gerou um passivo trabalhista absurdo para as empresas. Hoje é comum um caminhoneiro ter mais de ação na Justiça com transportadoras diferentes", ressaltou. Com relação aos custos, Pedrosa explicou que a expansão da frota nacional fez com que o tempo de deslocamento dos veículos aumentasse nos últimos anos, com congestionamentos tanto nas rodovias quanto dentro das cidades. "Se antes um caminhão conseguia fazer três entregas, hoje ele faz duas", ressaltou. A conseqüência disso, segundo Pedrosa, é a elevação dos custos fixos para as transportadoras e a alta do preço do frete. Além disso, as condições precárias das estradas impactam nos custos variáveis, como manutenção de veículos e consumo de óleo diesel.

Fonte: Diário do Comércio - BH