SINDIPESA traz depoimentos de executivas que estão à frente de importantes entidades do setor de transporte
Atuar em um setor predominantemente masculino como o de transporte sempre foi um desafio para as mulheres. De fato, ainda hoje, elas são minoria neste mercado, mas, juntas, veem promovendo mudanças significativas no mindset das empresas e entidades, abrindo caminho para a nova geração.
Lorine Romunhão, executiva da Roda Viva Transportes, é um bom exemplo disso. No setor de transporte e logística desde 2016, faz parte da nova geração de executivas do setor e assumiu recentemente o desafio de se tornar coordenadora da COMJOVEM SP. “Estou certa de que será um ano de muito aprendizado e enriquecimento profissional e pessoal. Quero ajudar a trazer mais mulheres para dentro das entidades e mostrar que elas podem estar e chegar aonde quiserem”.
Em uma outra perspectiva, Edmara Claudino, assessora legislativa da NTC&Logística há 28 anos, afirma que já enfrentou diversos desafios por atuar em um setor historicamente dominado por homens. “Sempre encarei essas dificuldades como oportunidades para mostrar minha competência, meu conhecimento e minha capacidade de liderança. Acredito que cada obstáculo superado fortaleceu não apenas a mim, mas também contribuiu para a quebra de paradigmas e para a construção de um ambiente mais inclusivo e diversificado no setor de transporte de carga”.
Edmara afirma ter notado, ao longo dos anos, uma evolução significativa no meio político em relação à representatividade das mulheres e às pautas de equidade de gênero. “Cada vez mais vemos mulheres ocupando posições de destaque, tanto no cenário político quanto no setor privado, e isso é extremamente positivo. As discussões sobre igualdade, diversidade e inclusão têm ganhado espaço, e tenho esperança de que continuaremos avançando nesse sentido”.
Já Vanessa Borges, gestora administrativa da FETCEMG, considera-se felizarda por nunca ter enfrentado barreiras significativas por ser mulher nesse ambiente. “Felizmente, sempre fui tratada com respeito e profissionalismo por meus colegas e superiores, e nunca me senti discriminada devido ao meu gênero. Ao contrário, o setor sempre me abriu diversas portas e minha voz sempre foi ouvida e importante para os meus colegas”.
No entanto, ela reforça que isso não significa que não existam desafios ou alguns momentos em que sua feminilidade seja destacada de maneira diferente. Ela cita um exemplo: “às vezes, é um pouco solitário ser uma das poucas mulheres – ou a única – em uma sala cheia de homens. Isso pode criar uma sensação de desconexão ou parecer que eu esteja um pouco fora do lugar. Mas prefiro enxergar como uma oportunidade de representar e inspirar outras mulheres a seguirem carreiras no setor de transporte”.
De a acordo com a executiva, 90% do quadro de colaboradores da FETCEMG são mulheres. Além da parte administrativa, no campo representativo, a entidade sempre prezou por ter mulheres em suas diretorias e comissões. “Isso demonstra um compromisso genuíno com a promoção da diversidade e inclusão no setor de transporte”, reforça Vanessa.
Mesmo quando incluída nos ambientes, a mulher sofre uma grande pressão para que assuma comportamentos tipicamente masculinos para exercer a liderança. Para Cinthia Ambra, diretora executiva do SINDIPESA, assumir a feminilidade e mostrar competência sem adotar os padrões convencionais feitos por homens e para homens é seu maior desafio.
Segundo Cinthia, o desafio de ser a primeira mulher a ocupar esta posição no SINDIPESA é uma grande responsabilidade e realização pessoal. Ser exemplo para outras mulheres e lutar pela equidade de gênero no setor entraram no escopo de trabalho da executiva como uma de suas prioridades. “Temos buscado engajar as empresas associadas na questão da representatividade das mulheres, incentivando a diversidade e a capacitação profissional, divulgando as iniciativas lideradas pela CNT e pelo Movimento Vez & Voz do SETCESP, dos quais somos parceiros e apoiadores”.
Ana Jarrouge, presidente executiva do SETCESP, conta como nasceu o Movimento Vez e Voz. “Ele veio justamente da minha realidade, ou seja, da convivência e observação de atuar em um setor predominantemente masculino, onde ainda há barreiras e preconceitos. Temos o nosso índice de equidade, feito em parceria com o IPTC, justamente para acompanharmos a evolução da presença feminina no TRC, sua ascensão profissional e como as empresas estão lidando com a equidade de gênero”.
Quando perguntada sobre as dificuldades de exercer sua função neste cenário, Ana é enfática em dizer que segue firmemente em seu propósito, mesmo que às vezes perceba situações estranhas e inconvenientes. “Eu literalmente as ignoro e sigo em frente. Temos que ter em mente que, se não ocuparmos alguns espaços, alguém vai ocupar. E normalmente será um homem. Então, eu tomo a frente, me posiciono e sempre dou um jeito de mostrar que estou ali, para que minha voz seja sempre ouvida”.
Mulheres de sucesso, cada uma com sua personalidade, mas com algo em comum: a competência e a vontade de abrir caminhos para outras mulheres. “Precisamos ter coragem, enfrentar nossos medos e ser ousadas. A insegurança não pode nos impedir de ocupar um cargo ou deixarmos de participar de um processo seletivo. Todos têm medo, eu já tive muito, muitas vezes, e isso até faz bem, nos deixa sempre vigilantes. A questão é não deixar ele tomar conta das nossas ações e atitudes. Se não for assim, não avançaremos. Sempre digo: se tiver medo, vai com medo mesmo”, incentiva Ana.
Elas deixam seus recados a todas as mulheres, neste dia representativo. “Acredite em si mesma e tenha confiança em suas habilidades e capacidades. Você merece estar neste campo tanto quanto qualquer outra pessoa, independentemente do seu gênero. O setor de transporte pode ser desafiador, mas também oferece muitas oportunidades de aprendizado e crescimento. Esteja aberta a adquirir novas habilidades e conhecimentos”, comenta Vanessa.
Já Cinthia, finaliza com um conselho e um incentivo: “persista, vença suas próprias barreiras e principalmente, confie em seu próprio poder, conhecimento, estilo e personalidade para resistir à pressão, interna ou social. Não se intimide! O preconceito pode existir, mas não podemos incorporá-lo”.
O SINDIPESA parabeniza todas as mulheres, não só por hoje, mas por tudo que representam no setor de transporte e na sociedade.