SEST SENAT Summit proporciona conteúdos inovadores para lideranças do transporte
Após o sucesso da edição de 2023, o SEST SENAT Summit retornou com uma programação de conteúdos relevantes para a alta gestão do transporte. Com curadoria da HSM, instituição referência em educação executiva, o encontro ocorreu em São Paulo (SP) nos dias 27 e 28 de agosto, sob o lema “O Futuro do Transporte é Sustentável”.
Desta vez, as palestras foram distribuídas em um palco principal (plenária) e duas trilhas de aprendizagem transmitidas simultaneamente: “Negócios do Futuro” e “Liderança com Propósito”. Mais de 150 empresários acompanharam os debates, que abordaram temáticas transversais à agenda ESG (ambiental, social e governança). O presidente da FETCEMG, Sérgio Pedrosa, participou do evento.
“A ideia de realizar o SEST SENAT Summit surgiu das participações do Sistema Transporte (CNT, SEST SENAT e ITL) na HSM+, o maior evento de gestão empresarial da América Latina. Porém, percebemos que o transporte brasileiro merecia um evento só seu. E assim foi feito, de modo que, hoje, estamos proporcionando conhecimentos que fazem a diferença para o setor”, afirmou a diretora executiva nacional do SEST SENAT, Nicole Goulart, na abertura dos trabalhos.
Primeiro palestrante do dia, o head de Empreendedorismo e Inovação da Singularity University, Pascal Finette, falou sobre o “Futuro dos Negócios e Negócios do Futuro”. Ele fez uma provocação sobre o significado de “ver o futuro”, que nada tem a ver com adivinhar, mas sim com identificar os “fracos sinais” de transformações que estão a caminho.
“Podem ocorrer disrupções, é claro, mas o que não muda é o trabalho a ser feito (job to be done, em inglês). Isso significa, para o setor de transporte, que, daqui a 100 anos, as pessoas ainda estarão interessadas em se deslocar de A a B. O que vai mudar é a forma como isso será feito”, sintetizou.
Também na plenária, falou o especialista em inteligência artificial Danilo McGarry. Ele trouxe uma perspectiva do tipo de inovação que se pode esperar da Inteligência Artificial Geral (AGI), o passo subsequente à inteligência artificial generativa que hoje experimentamos (com o ChatGPT, por exemplo). “Em breve, o aluno vai se tornar mestre. A AGI será um supersistema, que poderá fazer qualquer coisa feita pelo ser humano, só que melhor, mesmo em atividades criativas. Não quero assustá-los, mas apenas mostrar para onde estamos indo. Diante dessas mudanças, teremos de repensar o lugar do humano”, alertou.
Na trilha “Negócios do Futuro”, Carolina Ignarra, CEO e fundadora da Talento Incluir, manteve um diálogo com Viviane Moreira, diretora de Processos e Inovação da 99Jobs. Ambas instigaram o público a pensar sobre o impacto positivo da inclusão, da equidade e da diversidade sobre os negócios. “Não é fácil trazer pessoas diversas. É mais confortável estar perto de alguém parecido. Para mudar isso, temos de ter muita disposição, informação, convivência e atitude”, ressaltou Carolina Ignarra.
Na sequência, Eva Dengler, superintendente de Programas e Relações Empresariais da Childhood Brasil, subiu ao palco para recontar a parceria entre a organização sueca e o SEST SENAT. Por meio do Projeto Proteção, o SEST SENAT busca conscientizar as empresas de transporte sobre o problema da exploração sexual de crianças e adolescentes, bandeira da Childhood. Além disso, 46 unidades operacionais do SEST SENAT integram o projeto Na Mão Certa, idealizado pela Childhood para sensibilizar os motoristas de caminhão.
Trilha Liderança com Propósito
Rodrigo Vieira da Cunha, especialista em comunicação para a sustentabilidade, proferiu a palestra “Ética e Colaboração: Pilares para o Futuro do Setor Transportador”. De acordo com ele, o mapeamento do impacto das empresas deve estar no centro das discussões no setor de transporte. “Sabemos que 90% do que é produzido no mundo é transportado, e no Brasil, a maior parte dessa produção é escoada pelo modal rodoviário. Diante dessa relevância, o setor transportador deve assumir responsabilidades e, se necessário, questionar seus padrões de produção e consumo”, sublinhou.
Luis Lobão, professor de Estratégia e Governança da HSM, falou sobre a importância da sucessão familiar para a perenidade dos negócios e questionou a noção de que “não se mexe em time que está ganhando”. Ele também falou sobre como as novas tecnologias têm acelerado a mudança da gestão. “Hoje, o algoritmo está à frente, tomando decisões estratégicas para empresas, gerando novos modelos de negócios mais inteligentes”, concluiu.
A programação do primeiro dia foi concluída com a participação, no palco principal, de Karl Schmedders, professor de Finanças do IMD (International Institute for Management Development). Especialista em sustentabilidade e economia, com foco em mudanças climáticas, ele traçou um painel amplo dos riscos corridos pelas empresas durante uma provável transição energética.
SEGUNDO DIA
Em seu segundo dia de programação, o SEST SENAT Summit proporcionou importantes reflexões para líderes do setor de transporte. Reunidos em São Paulo (SP), os participantes assistiram a palestras de especialistas brasileiros e internacionais. Idealizado em torno do tema “O Futuro do Transporte é Sustentável”, o conteúdo teve curadoria da HSM e foco nos pilares ESG (ambiental, social e governança).
A primeira atração do dia, Nathaniel (Nat) Bullard, diretor administrativo da Business Climate, iniciou sua fala com um panorama sobre as mudanças climáticas, cujos efeitos são cada vez mais perceptíveis. O cerne de sua palestra foi a posição do Brasil na transição energética – posição privilegiada, em razão da abundância de fontes de energia renovável. Porém, faltaria ao país o impulso necessário para “aposentar” os combustíveis de origem fóssil, o que já está em curso nos EUA e em diversos países europeus. Com ajuda de gráficos, o especialista demonstrou, ainda, que a produção de energia solar e eólica está em sua alta histórica e, em breve, poderá suprir a demanda mundial.
Na apresentação “Crédito verde: acessando fundos de investimento para o desenvolvimento do transporte”, Luiz Brandt, head de inovação da ABGI Brasil, forneceu um verdadeiro mapa das atuais formas de capitalização para projetos em sustentabilidade. Ele identificou dois caminhos possíveis: recursos reembolsáveis e subvenção econômica, destacando que o segundo é apropriado para inovações disruptivas e, portanto, sem garantia de retorno.
Acima de tudo, deve-se ter um bom projeto. “Muitas empresas estão em busca de dinheiro para capital de giro. Mas esse não é o objetivo dos instrumentos de fomento. A ideia é alavancar oportunidades e recursos para conseguir desenvolver projetos e resolver problemas”, alertou Brandt.
Em outro momento da jornada de aprendizagem, o secretário executivo do Ministério dos Transportes, George Santoro, ponderou que, diante das mudanças climáticas, é tarefa de todos pensar em soluções mais resilientes. Ele reforçou que a pasta está debatendo formas de incentivar a descarbonização do transporte. “Somente com uma atuação focada em sustentabilidade, o país será atrativo e notado por fundos de investimentos mundiais. Saibam que o Ministério dos Transportes está comprometido com essa visão, buscando alternativas e soluções para melhorar o Brasil”, enfatizou.
Na apresentação “Futuro do trabalho e os desafios para a retenção da mão de obra no transporte brasileiro”, o fundador da Exboss, Alexandre Pellaes fez um trabalho de desconstrução de conceitos, a começar pela palavra “retenção”. De acordo com o pesquisador em modelos de gestão, o caminho é pensar em “conexão”. “O ser humano é único em sua capacidade de enxergar um mundo desejável e se colocar em um plano de ação. Portanto, trabalho é uma ação intencional e consciente a fim de transformar a realidade. Isso é um superpoder!”, exaltou.
Já o painel “Fatores de risco na saúde do trabalhador do transporte: explorando desafios e oportunidades” contou com a participação de Eujessika Rodrigues, fundadora da startup
Sênior Saúde Móvel, e de Ricardo Hegele, vice-presidente da Associação Brasileira de Medicina do Tráfego. O diálogo foi mediado por Rebecca Rosal, analista do SEST SENAT. Eles abordaram a correlação entre envelhecimento da força de trabalho e acidentes de trânsito, concluindo que é necessário pensar em estratégias para aumentar o bem-estar e a longevidade desses profissionais.
O SEST SENAT Summit 2024 se encerrou em grande estilo com a apresentação de Mark Van Rijmenam, futurista ligado ao Instituto Futuwise, que se dedica a promover um futuro justo e inclusivo. O especialista garantiu que, “até 2030, teremos dois tipos de organização, uma que utiliza IA e outra que não existirá mais”. Outra previsão muito impactante diz respeito à inserção de robôs humanoides em nossa rotina. Van Rijmenam defende que a tecnologia tem muitas vantagens, mas precisamos encontrar a melhor forma de utilizá-la. “Os líderes precisam aceitar as mudanças, pois as habilidades de ontem já não serão úteis”, instigou.