Sem Licitação, BRs causam prejuízos para transportadores


Ministério dos Transportes ainda não tem data para o leilão da 040 e 116

Postergar a concessão de rodovias no Brasil, como aconteceu com os leilões da BR-040 e da BR-116, que ocorreriam nesta quarta-feira, significa, na avaliação de especialistas, adiar a solução de trechos em estado precário. De acordo com eles, os quilômetros esburacados, sem acostamento, com asfalto desgastado, entre outros problemas, significam aumento nos custos de transporte, além de ajudar a provocar acidentes.

Para o diretor presidente da Patrus Transportes, Marcelo Patrus, passar rodovias para as mãos da iniciativa privada pode ser uma das soluções para tentar melhorar o atual estado de conservação de boa parte delas. Entretanto, ele ressalta que é necessário que a desestatização das rodovias seja bem discutida com a sociedade e que o pedágio cobrado tenha um valor justo, sem exageros de ganho.

O presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Carga do Estado de Minas Gerais (Setcemg), Sérgio Pedrosa, afirma que o pedágio não é problema, desde que haja retorno do dinheiro pago pela sociedade na prestação adequada do serviço. "O trecho de Juiz de Fora- Rio melhorou depois do pedágio. Agora, ele não pode ter um valor exorbitante e a concessão tem que ser feita com seriedade", ressalta. O dirigente estima que um rodovia em bom estado de conservação, duplicada, pode ajudar a reduzir os custos com combustível em 10%. "São várias as vantagens, entre elas, a redução dos índices de acidentes, de gastos com manutenção e pneu", observa.

O presidente da Lagoa dos Ingleses Properties, Alexandre Gribel, que tem investimentos numa região que poderia receber uma das praças de pedágio, que seria instalada no km 562 da BR-040 (antes do trevo de Ouro Preto, sentido Rio de Janeiro), não acha que a cobrança do valor é o principal problema. "A discussão que se deve fazer é do atual estado das rodovias", ressalta.

Novo prazo. Segundo o Ministério dos Transportes, a nova data da licitação dos trechos da BRs 040 e 116 ainda não foi definida. Conforme o ministério, os grupos interessados em disputar o controle das rodovias pediram mais prazo para analisar os editais. Além disso, o governo alegou a necessidade de avaliar de forma mais aprofundada questões levantadas nos pedidos de esclarecimentos.

A ideia é que um trecho de 816,7 quilômetros da BR-116 passe para as mãos de iniciativa privada. E o valor da tarifa básica de pedágio não poderá ser superior a R$ 6,53 para veículos de rodagem simples e de dois eixos. Estão previstas oito praças de pedágio, nos municípios mineiros de Medina, Caraí, Itambacuri, Governador Valadares, Ubaporanga, São João do Manhuaçu, Muriaé e Além Paraíba.

Com relação à BR-040, que terá licitado um trecho de 936,8 quilômetros, a tarifa não poderá ser superior a R$ 4,35. Serão 11 praças de pedágio, no município goiano de Cristalina e nos mineiros de Paracatu, Lagoa Grande, João Pinheiro, Canoeiros, Felixlândia, Curvelo, Sete Lagoas, Nova Lima, Carandaí e Juiz de Fora.

Pedágio é um dos pontos mais polêmicos

A praça do pedágio da BR–040, prevista no edital de concessão da rodovia, causou indignação entre moradores de condomínios próximos ao local, como o Retiro do Chalé, em Brumadinho, e o Alphaville Lagoa dos Ingleses, em Nova Lima, ambos na região metropolitana de Belo Horizonte.

Neste mês, eles formalizaram pedidos de esclarecimento sobre as obras na Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e solicitaram a suspensão do leilão, previsto para o dia 30 deste mês.

A advogada do condomínio Retiro do Chalé, Sibele Barony Bueno, explicou que a praça do pedágio estava prevista para ocupar o km 562, cerca de 1,5 quilômetro do trevo de Ouro Preto. Para ela, o pedágio vai inibir o crescimento da região. "Além do mais, a comunidade não foi ouvida". (JG)

Fonte: Jornal O Tempo