Roubo de cargas no Brasil: Sudeste concentra 84,79% das ocorrências
Na segunda reportagem sobre a situação do roubo de cargas no Brasil, mostramos como o coração econômico do Brasil sofre com o problema. O presidente da NTC&Logística, José Hélio Fernandes, afirma que o roubo de cargas se tornou, nos últimos seis anos, um modelo de negócios para associações criminosas de traficantes de drogas e facções por causa da vulnerabilidade das rodovias, das falhas de segurança pública das cidades e do alto valor de retorno das mercadorias. Em 2012, o país registrou 14.400 crimes desse tipo. Nos anos seguintes, esse número subiria até chegar ao pico, registrado em 2017.
Coração econômico do país, a região Sudeste é a mais afetada, respondendo por 84,79% das ocorrências. Dentro da região, o campeão de incidentes é o Rio de Janeiro, onde os registros chegaram a 41,39%, seguido por São Paulo, com 39,39%. Espírito Santo e Minas Gerais totalizaram perdas de R$ 937,76 milhões. Na sequência, aparece o Norte, com R$ 238,96 milhões. A região sofre com a ação de piratas que roubam embarcações que transportam, sobretudo, combustíveis. Em seguida, aparecem o Sul, com R$ 152,13 milhões; o Centro-Oeste, com R$ 108,03 milhões; e o Nordeste, atingindo R$ 36,25 milhões.
“Mesmo a pesquisa apontando uma considerável redução, se comparada ao ano de 2017, estamos falando de milhares de roubos em todo o Brasil, o que não é aceitável. Isso ocorre porque os roubos de cargas acabaram se tornando um negócio que formou associações criminosas especializadas”, diz José Hélio. Ele explica que a marginalidade opera por onde passa o patrimônio. “Rio e São Paulo são grandes polos econômicos. A circulação de cargas é intensa, e os bandidos vão aonde acham que terão êxito.”
Especialistas sustentam que o avanço da criminalidade nas estradas encarece o preço do frete, e as empresas passam a buscar outros modais com mais segurança. Também influenciam no frete o custo do seguro das cargas, que disparou, segundo os transportadores, e o investimento em soluções tecnológicas, como rastreamento digital, sistemas de bloqueio de veículos e blindagem. As transportadoras também têm recorrido com mais frequência as escoltas armadas para protegerem as mercadorias. “As empresas de transporte estão se tornando empresas de segurança, e o consumidor está pagando mais caro, porque tem uma taxa embutida para conter o risco. Não é só o custo da perda em razão do roubo. Existe uma cadeia que fica mais cara para tentar prevenir esse tipo de ação.”
O presidente NTC&Logística considera que o atual horizonte é positivo, especialmente pelo fato de o governo ter se comprometido com a agenda de segurança pública. Contudo, cobra mais articulação e punição aos criminosos. “Temos que continuar a fazer um trabalho integrado na repressão, cobrando uma legislação mais punitiva, além de atrelar informação e tecnologia buscando todas as frentes para tentar atenuar ao máximo esse delito.”
Fonte: Agência CNT de Notícias