Receita da indústria cai em todo o Estado
Pior resultado no 1º trimestre, entre as seis regiões pesquisadas, foi apurado no Norte, onde a queda foi de 41,22%
As indústrias do interior de Minas seguem apresentando desempenho negativo. No acumulado do primeiro trimestre de 2015, todas as seis regiões analisadas pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) acumularam prejuízo ante igual período de 2014, com a Norte apresentando o pior resultado: queda de 41,22% na receita. Quando considerado o Estado como um todo, o recuo chegou a 13,57% na mesma base de comparação.
Diante disso, a entidade reviu no início de maio, pela terceira vez, as estimativas para o desempenho do setor em 2015. Enquanto no fim de 2014 as previsões apontavam alta de 0,69% na produção industrial e de 1,34% no faturamento, agora os números são de -2,6% e -5,19%, respectivamente.
Segundo dados da Pesquisa Indicadores Industriais Regionais (Index-Regionais), a queda de 41,22% na receita da região Norte foi puxada, entre outros, pelo setor de produtos têxteis, que registrou retração de 36,04% no primeiro trimestre em relação ao mesmo período do ano passado.
Com isso, as horas trabalhadas caíram 18,85% no mesmo período, o emprego recuou 13,49% e a massa salarial diminuiu 15,13%. Já o nível de ocupação da capacidade instalada (Nuci), passou de 72,43% para 62,22%.
Segundo o gerente da regional Fiemg no Norte de Minas, zio Darioli, os números refletem a situação econômica enfrentada pelo setor industrial brasileiro de maneira geral. Conforme ele, o aumento dos custos de produção observado no início deste exercício e a queda das exportações de importantes segmentos, como o de ferro-ligas, são os principais responsáveis pelo recuo no faturamento.
"O reflexo disso vem sendo observado em todos os setores. A construção civil, por exemplo, tem registrado queda nos indicadores e o setor alimentício também. Ao que tudo indica, o ano será todo assim. Embora o segundo semestre seja tradicionalmente mais aquecido, não estamos muito otimistas", avalia.
Leste - A indústria da região Leste também sofreu queda expressiva no faturamento: 38,08% no acumulado de janeiro a março deste ano sobre 2014. Nesse mesmo período a massa salarial caiu 29,23% e as horas trabalhadas recuaram 8,08. Por outro lado, o emprego aumentou 2,03%. Enquanto isso, o Nuci caiu de 85,36% para 83,23%.
Por setores, o destaque negativo ficou por conta das empresas de produtos de metal, com queda de 62,31% na receita, e de alimentos, com recuo de 13,24%.
No Sul do Estado, o recuo no faturamento da indústria chegou a 17%. As horas trabalhadas diminuíram 8,79%, o emprego, 8,43%, e a massa salarial caiu 8,41%. Já o Nuci passou de 74,42% para 72,53%. Entre os setores, os destaques negativos vieram da indústria de máquinas e materiais elétricos (-24,64%) e dos produtos alimentícios (-9,49%).
No Triângulo, o faturamento industrial diminuiu 10,93% no acumulado dos três primeiros meses de 2015. As demais variáveis também ficaram negativas no mesmo tipo de comparação: horas trabalhadas com queda de 9,22%, emprego com recuo de 3,57% e massa salarial com baixa de 3,54%. Já o Nuci cresceu, saindo de 83,04% para 86,35%. Quanto aos setores, produtos têxteis tiveram baixa de 12,91%.
A região Centro-Oeste, por sua vez, registrou redução de 8,99% no faturamento no primeiro trimestre, com as horas trabalhadas caindo 12,46%, o emprego, 8,02%, e a massa salarial, 3,14%. O Nuci passou de 65,35% nos três primeiros meses de 2014 para 60,32% no mesmo período deste ano. A metalurgia teve queda de 27,5% no faturamento na região e as indústrias de produtos têxteis baixa de 1,51%.
Zona da Mata registrou menor retração O setor industrial da Zona da Mata também apresentou resultado negativo, mas foi a região com menor retração na receita: 8,93% do primeiro trimestre. Apesar disso, as horas trabalhadas ficaram negativas em 7,57%, assim como a massa salarial (4,72%). Na outra ponta, o emprego cresceu 2,17% e o Nuci aumentou de 86,95% para 87,39%, segundo a Fiemg.
De acordo com o analista de negócios da regional da Fiemg na Zona da Mata, Matheus Sant"Ana, a menor redução na receita pode ser atribuída aos desempenhos positivos dos segmentos de celulose, papel e produto de papel (+5,08%) e produtos alimentícios (+4,23%).
Para ele, 2015 já começou turbulento em virtude dos ajustes que o governo federal está implementando, já que as medidas arrefeceram o consumo e encareceram o crédito. "O consumidor está com a renda menor, comprando menos e demandando menos do comércio e da indústria. Esta, por sua vez, também está em dificuldades, porque os aportes ficaram mais caros e não há ambiente seguro para investir", explica.
Fonte: Diário do Comércio