Produção industrial deve cair 5,66% em Minas Gerais
Fiemg revisa projeções do desempenho em 2016 e passa a trabalhar com uma queda mais acentuada
Depois de recuar 7,9% em 2015, a produção industrial mineira deverá sofrer outro tropeço em 2016. As projeções, que eram de uma queda de apenas 2,74% no início do ano, foram revistas para baixo pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). Agora, os industriais do Estado já trabalham com a hipótese de uma queda em de 5,66%. Para 2017, a expectativa é uma estabilização do quadro, com desempenho positivo em 0,38%, segundo Monitor Econômico publicado ontem pela entidade.
O faturamento da indústria neste ano também deverá ser bem menor do que o estimado para o período. Antes, era esperada uma queda de 0,82% no indicador em Minas Gerais.
Mas agora já é aguardada uma retração de 11,48%. No próprio informativo, a Fiemg atrela o pessimismo ao cenário de fraqueza da atividade econômica nacional. O ambiente de incertezas políticas e econômicas dificulta investimentos e reduz a demanda por uma série de produtos. Para piorar a situação, o percentual de empresas com estoque elevado é alto. Isso significa que, em curto prazo, não haverá necessidade de elevar a produção para atender a uma possível demanda.
Para o presidente da Fiemg, Olavo Machado Junior, enquanto não houver uma definição da situação política do Brasil, o setor não apresentará bons resultados. “Estamos vivendo um momento de precaução. A grande verdade é que todo o País parou para aguardar o que irá acontecer. A demanda está negativa e, diante dessa realidade, é ilógico aumentar a produção”, afirma.
Efeito Samarco - Segundo o gerente de Economia da Fiemg, Guilherme Veloso Leão, além das questões políticas, várias outras justificam a revisão das expectativas. A primeira projeção, explica ele, foi feita em novembro, quando a economia vivia outra realidade.
Naquela época ainda não se sabia, por exemplo, que o setor mineral seria tão afetado pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, que provocou a paralisação das atividades da Samarco. Esse é um dos fatos que deverá colaborar para uma redução drástica na produção do Estado neste exercício.
Além disso, outros setores relevantes para a economia mineira apresentaram resultados inferiores aos projetados nos primeiros meses de 2016. O mau desempenho de segmentos-chave em Minas Gerais sinaliza que a produção deverá encolher. No acumulado até fevereiro, último dado disponível, o faturamento do setor de veículos automotores caiu 47,2%. Na mesma base de comparação, o segmento extrativo teve queda de 16,9% no faturamento; a metalurgia, de 12,4% e o setor de alimentos, de 5,1%. “O que aconteceu com esses segmentos, que juntos representam mais de 50% da produção industrial de Minas Gerais, levou a essa mudança tão grande nas projeções para o setor”, afirma.
No Monitor Econômico, a Fiemg avaliou também o possível impeachment da presidente Dilma Rousseff e um suposto governo comandado pelo vice-presidente Michel Temer. Para a entidade, o novo governo teria que restabelecer a confiança entre os agentes econômicos em um primeiro momento. Em médio e longo prazos, o esperado é a desvinculação das receitas orçamentárias, estabilização da relação entre a dívida e o Produto Interno Bruto (PIB), recuperação do regime de metas da inflação, fomento ao comércio exterior e às privatizações, simplificação tributária, dentre outras questões.
Fonte: Diário do Comércio