Presidente da Fetcemg fala sobre estagnação no setor


Taxa de juros em queda, inflação cada vez mais próxima do centro da meta, reformas econômicas em pauta no Congresso e confiança em alta entre empresários de setores como indústria e comércio. Apesar de vários indicadores sinalizarem um cenário mais favorável ao País, o setor de transporte de cargas - considerado um termômetro da economia - em Minas Gerais ainda não sentiu os efeitos das empreitadas do presidente Michel Temer para alcançar a retomada do crescimento nacional.

De janeiro a março deste ano, poucas foram as mudanças nos ganhos do setor. Presidente da Federação das Empresas de Transportes de Carga do Estado de Minas Gerais (Fetcemg), Sérgio Pedrosa destaca que, na comparação com igual trimestre de 2016, o faturamento nos primeiros três meses de 2017 se manteve praticamente o mesmo, conforme relatos de empresários do segmento. “Ainda não está melhorando. É aquela frase que todo mundo está dizendo: ‘Parou de piorar’”, afirma Pedrosa.

Segundo o dirigente, a desaceleração das principais atividades econômicas da região Central do Estado, como siderurgia, mineração e as indústrias automobilística e cimenteira, seguem impactando negativamente no resultado das transportadoras, que sofrem com o excesso de oferta do serviço frente a uma baixa demanda. Pedrosa pondera, no entanto, que a mineração leva uma ligeira vantagem em relação às outras, ocasionada pela valorização do preço do minério de ferro que vem sendo observada desde o fim do ano passado.

“A mineração está saindo na frente com a melhora no preço do minério de ferro. O setor está com indícios de reação positivos. Desde o fim de novembro, quando a commodity passou a ser negociada acima de US$ 80, a gente vem percebendo uma movimentação maior desse tipo de transporte”, ressalta o presidente da Fetcemg.

Com a queda na procura pelo serviço de transporte, não só motoristas autônomos, mas diversas empresas em Minas Gerais continuam em dificuldades para arcar com os financiamentos feitos para compra de caminhões. De acordo com Pedrosa, muitos estão sendo obrigados a devolver os veículos. Outro desafio do setor citado pelo dirigente são as relações trabalhistas. Com a Lei da Terceirização sancionada pelo presidente Michel Temer, no último dia 31 de março, a expectativa dos gestores era de que houvesse algum alívio, o que não aconteceu.

Sérgio Pedrosa explica que as transportadoras esperavam que o projeto trouxesse maior segurança jurídica para o empresário, mas pontos vulneráveis na matéria acabaram sendo aprovados. “A insegurança jurídica tem feito o empresário desinvestir no País, em diversos setores. Várias empresas do nosso segmento já fecharam as portas por causa de ações trabalhistas”, destaca. A esperança das empresas do ramo de transporte é de que a reforma trabalhista corrija a situação.

Crescimento - Em 2016, dentre os setores que compõem o Produto Interno Bruto (PIB) de Minas Gerais, a agropecuária foi o único a encerrar o ano com crescimento (+6,6%). No entanto, o melhor desempenho da atividade não foi capaz de mudar o quadro do setor de transportes nem em regiões onde é forte, como o Triângulo Mineiro.

“A reclamação está generalizada. Ainda não conseguimos ver reflexo da melhora do mercado, até porque a safra passou muito rápido, apesar de dizerem que houve quebra de recorde”, avalia o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas do Triângulo Mineiro (Settrim), Abud Cecílio.