Pontos críticos crescem nas rodovias, diz CNT


Mais buracos, mais pontes caídas, menos investimentos. É esse o cerne do diagnóstico apresentado na versão 2014 de uma pesquisa sobre a qualidade das rodovias brasileiras, feita anualmente pela Confederação Nacional do Transporte (CNT). Divulgado ontem, em Brasília, o levantamento aponta um avanço de 15,6% no número de pontos críticos, que são aqueles que comprometem severamente o transporte rodoviário no país.

Entre 2013 e 2014, o número de pontos críticos passou de 250 para 289. No mesmo intervalo de comparação, o investimento federal autorizado para as estradas registrou queda de 0,4%, para R$ 11,93 bilhões. O recuo é mais acentuado (21,7%) quando considerados os investimentos efetivamente pagos pela União, que até a publicação do estudo somavam R$ 6,54 bilhões.

O diretor-executivo de rodovias da CNT, Bruno Batista, disse que o país teria que investir algo em torno de R$ 300 bilhões para que as estradas brasileiras passassem a ter boas condições operacionais e de segurança. "No ritmo atual, levaria 30 anos", queixou-se o dirigente, para quem as "severas deficiências gerenciais e administrativas do governo" explicam a dificuldade em gastar os valores destinados.

O avanço no número de ocorrências graves, contudo, não impediu que a avaliação geral sobre a malha rodoviária apresentasse uma ligeira melhora em relação ao ano passado. Após três anos de queda, o estudo mostrou que 37,9% das estradas têm estado de conservação considerado "ótimo" ou "bom", contra 36,2% apurados em 2013. Passou de 34,4% para 38,2% a avaliação "regular" e caiu de 29,4% para 23,9% o carimbo de "ruim" ou "péssimo".

O cenário melhora significativamente quando consideradas apenas as rodovias concedidas à iniciativa privada. De acordo com a CNT, 74,1% dessas vias tiveram seu estado de conservação considerado "ótimo" ou "bom" em 2014. Foram avaliados como "regular" 21,8% das estradas concedidas e apenas 4,1% receberam nota "ruim" ou "péssimo". Apesar disso, o resultado das rodovias concedidas piorou em relação a 2013, quando 84,4% foram consideradas em "ótimas" ou em "boas" condições.

O diretor da CNT explicou que pouco mais de 4,4 mil quilômetros de estradas federais foram concedidos em 2013 e passaram no início deste ano para a administração privada. Segundo Batista, não houve tempo hábil para que essas rodovias fossem efetivamente melhoradas, o que puxou para baixo a avaliação geral.

Batista, que coordenou a pesquisa, ponderou que a pequena evolução registrada na malha em 2014 não é representativo para avaliar a evolução do estado geral das rodovias nacionais, que para ele continuam insuficientes e cheias de problemas estruturais. O dirigente lembrou que 80,4% da malha rodoviária do país não conta com pavimentação.

O ranking da CNT elegeu os dez melhores trechos rodoviários do país, todos concedidos. O primeiro lugar ficou com a ligação entre as cidades de São Paulo e Limeira. Em seguida aparece a ligação entre a capital paulista e a cidade de Uberaba, em Minas. O pior trecho fica na BR-460 entre as cidades de Natividade (TO) e Barreiras (BA), seguido pela ligação entre Belém (PA) e o município de Guaraí (TO). O estudo também destacou que o crescimento da frota nacional foi muito superior ao ritmo de construção de novas vias no país.

Fonte: Valor Econômico

Foto: Divulgação CNT