Pesquisa aponta piora nas condições das estradas


Maior operadora logística do modal rodoviário do país, a JSL tem uma frota de sete mil veículos próprios, entre caminhões e veículos leves, que roda 39 milhões de quilômetros por mês e serve de termômetro da qualidade das rodovias. "A manutenção está sendo feita, embora sempre pareça insuficiente para o tamanho da malha rodoviária do país, e há novos projetos de concessão que devem contribuir para o desenvolvimento do país", diz Fernando Simões, presidente do Grupo JSL. O gargalo, aponta, é também da frota. A média de idade dos veículos pesados em circulação no Brasil é de vinte anos contra sete nos países desenvolvidos.

A Confederação Nacional dos Transportes (CNT) reconhece o envelhecimento da frota, mas avalia que o esforço do governo não tem sido suficiente. No ano passado só foram executados 47% do orçamento de R$ 26,7 bilhões destinados às obras de manutenção. Este ano estão autorizados R$ 17,9 bilhões, mas a execução até abril não passava de R$ 1,4 bilhão. O estudo "Pesquisa CNT de Rodovias 2012" apontou piora nas condições das estradas brasileiras no ano passado na comparação com o ano anterior. O índice ótimo e bom só foi alcançado por 40,3% dos trechos vistoriados por especialistas, contra 46,9% de 2011. Pouco menos de 60% foram considerados regulares, ruins ou péssimos. No ano anterior, a soma de regular, ruim e péssimo atingiu 53,1%. A pesquisa foi feita durante 37 dias. Dezessete equipes de especialistas da CNT percorreram mais de 95 mil quilômetros de estradas federais e rodovias estaduais. O custo operacional dos caminhões aumenta 18% mesmo quando a pavimentação das vias é considerada boa. Se ela é regular o custo sobe para 41%, chega a 65,6% em condições ruins de pavimentação e pode atingir 91,5% quando é péssima. "O desafio é mudar o cenário", diz Bruno Batista, diretor executivo da CNT. Na avaliação do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), a condição da malha federal melhora ano a ano. O percentual de rodovias federais pavimentadas classificadas como boas ou regulares passou de 74%, em 2009, para 89%, em 2012. A avaliação é baseada em parâmetros técnicos e levantamentos de campo que incluem desde a avaliação visual da frequência de trincas e remendos da pista até a aferição com aparelhos eletrônicos da superfície da rodovia e das deformações do pavimento. Em março, um levantamento do Tribunal de Contas da União (TCU) descobriu falhas na manutenção de rodovias que tinham acabado de passar por obras. Os técnicos identificaram trechos com afundamento, trincas e desgaste exagerado de pista. As obras fiscalizadas custaram R$ 740 milhões. O TCU estimou que seria preciso gastar mais R$ 159 milhões para consertar os problemas. O diretor-geral do DNIT, Jorge Fraxe, admite a necessidade de fortalecer a fiscalização dos serviços contratados, mas afirma que a autarquia conseguiu devolver aos cofres públicos cerca de R$ 21 milhões relativos a obras refeitas ou ajustadas no último ano. Foram aplicadas, a várias empresas, multas no total de R$ 1,5 milhão, por problemas como erros de execução e atrasos.

Foto: Arquivo CNT

Fonte: Jornal Valor Econômico - SP