Painel do Transporte - Fretes Baixos


Fretes baixos

 

No final de 2016, os brasileiros e o mundo foram surpreendidos pela notícia da queda do avião da LaMia, na Colômbia, que vitimou atletas da Chapecoense e jornalistas brasileiros. As investigações concluíram que uma das causas do acidente foi falta de combustível.

O mais provável que tenha acontecido é que a empresa ofereceu o serviço com um baixo valor, o que trouxe a necessidade de se executar o serviço com um custo também baixo para conseguir algum resultado.

Contudo, pode-se debater que não tenha sido a primeira vez que o artifício foi utilizado. Como outras viagens ocorreram sem imprevistos, a prática provavelmente foi incorporada à forma de operar da empresa.

A pressão pelo resultado é legítima e, sem dúvida, deve estar presente em todos os negócios. O que não é correto é ceder à pressão para baixar o preço e correr atrás do prejuízo com ações condenáveis do ponto de vista da ética, da legalidade e, como se viu neste caso, sacrificando-se a segurança. Deve-se sempre desconfiar de valores muito baixos.

No transporte rodoviário de cargas (TRC), essa prática também está bem difundida. Contrata-se pelo menor valor sem o questionamento dos recursos que serão utilizados para a execução do serviço.

É relativamente fácil encontrar soluções para os fretes baixos: excesso de jornada do motorista, excesso de carga, não pagamento de encargos e direitos trabalhistas e o não recolhimento de impostos. Mas há empresas que vão além, não fazem a manutenção dos veículos, não têm seguro, trabalham com veículos velhos, funcionários despreparados, entre outras soluções. No caso do TRC, a falta de abastecimento só causa a parada do veículo na via, mas que pode ser o estopim para congestionamentos e acidentes.

A busca do menor custo é legítima e desejável, mas deve ter limites. É preciso avaliar melhor as condições do contratado e desconfiar de descontos excessivos, vantagens concedidas, entre outras.

Se o serviço é prestado com os mesmos tipos de veículos, nas mesmas estradas, com os mesmos combustíveis, pagando-se os mesmos impostos, como se admite a existência de fretes com pasmem, até 50% de desconto ou abaixo do custo?

 

Lauro Valdívia, assessor da NTC&Logística