Novos pedágios começam a funcionar em breve em rodovias federais de Minas
Cobrança começará a ser feita em breve em vários trechos de rodovias federais e estaduais de Minas Gerais. Motoristas esperam que tarifas garantam a conservação de todas as vias
Motoristas que trafegam pela BR-262, entre Betim e o entroncamento com a BR-153, em Campo Florido, no Triângulo Mineiro, já encontram cinco praças de pedágio prontas para começar a cobrar a tarifa. Em Florestal, na Grande BH, as 12 cabines equipadas com computadores, câmeras, redutores de velocidade e toda a estrutura necessária para a operação já estão posicionadas, aguardando apenas a chegada dos funcionários. A empresa Triunfo Concebra, concessionária responsável pelas BRs 262, 153 e 060, informou que já concluiu as intervenções requisitadas no contrato com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) para fazer a cobrança em 11 praças de todo o trecho, que soma mais de 1,1 mil quilômetros, cuja tarifa base foi estipulada em R$ 2,85 e ainda precisa ser corrigida com base na inflação de 2014 e 2015. Resta apenas a publicação da ANTT no Diário Oficial da União autorizando a cobrança.
Outra empresa que espera começar a cobrar em breve é a Via 040, que opera a BR-040, entre Brasília e Juiz de Fora, na Zona da Mata. Segundo a concessionária, em 30 dias chegam ao fim as obras das 11 praças de pedágio e em 20 dias serão finalizadas as intervenções para a duplicação de 10% da rodovia, principal requisito para a cobrança da tarifa. Nesse caso, a tarifa aprovada no leilão, sem as correções inflacionárias, é de R$ 3,22, mas o valor final precisa ser homologado pela ANTT. A MGO Rodovias, última empresa que venceu um leilão de um trecho rodoviário na terceira etapa de concessões, já cobra pedágio na BR-050, no Triângulo Mineiro, desde 12 de abril.
A praça de pedágio mais perto de BH, que já está pronta na BR-262, fica no km 389, em Florestal. No local, os motoristas já passam pelas faixas entre as cabines de cobrança, mas apenas um vigia está trabalhando para cuidar dos equipamentos. São computadores, câmeras, redutores de velocidade, cancelas e 12 cabines de cobrança.
O empresário Leandro Araújo, de 32 anos, de Pará de Minas, no Centro-Oeste do estado, costuma ir com frequência a BH. Ele espera que a cobrança da tarifa garanta a conservação permanente da 262 e a duplicação do restante do trecho. “Já pagamos muitos impostos para ainda ter que arcar com pedágio, mas, se é a única forma de conservação e duplicação das rodovias, vale a pena”, afirma.
O caminhoneiro Breno Bueno Moreira, de 26, percorre uma vez por semana o trecho de 120 quilômetros entre Antunes, na Região Central, às margens da BR-262, e Ribeirão das Neves, na Grande BH. “Estamos precisando de uma obra urgente no trevo de Antunes, que está desorganizado. O pedágio deve ser revertido para resolver os problemas, deixar a estrada sempre conservada”, afirma.
O engenheiro Walder Sousa Ribeiro, de 36, reconhece que as concessões rodoviárias significam melhorias, mas não concorda com o pedágio. “A gente paga 45,4% de impostos com o que ganha. Conservar as estradas e fazer as obras necessárias é responsabilidade do governo”, afirma.
A empresa Triunfo Concebra, responsável pela concessão das BRs 262, 153 e 060, sustenta que já concluiu as intervenções previstas em contrato para começar a cobrança de pedágio nas 11 praças de seu trecho, sete em Minas e quatro em Goiás. A principal é a duplicação de 10% dos 615 quilômetros de pistas simples do trecho. Foram duplicados 65 quilômetros entre Uberaba e Campo Florido, no Triângulo Mineiro.
Com o início da cobrança da tarifa nas três estradas controladas pela Triunfo, faltará apenas a BR-040 começar a cobrar o pedágio para que todas as três concessões rodoviárias mineiras da terceira etapa estejam cobrando a tarifa . Segundo a Via-040, que controla os 936 quilômetros da BR-040, entre Brasília e Juiz de Fora, a previsão é que em 30 dias sejam concluídas as obras para viabilizar a operação de 11 praças de pedágio no trecho, 10 delas em Minas Gerais.
Sete praças estão no segmento da rodovia entre BH e Brasília, enquanto outras três estão na outra perna da estrada, entre BH e Juiz de Fora. Já a previsão para o término da duplicação de 10% do trecho, cujas obras estão concentradas em Goiás e em João Pinheiro, Noroeste de Minas, é para os próximos 20 dias.
PISTAS SIMPLES O presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Carga de Minas Gerais, Antônio Vander Silva Reis, diz que as obras necessárias para adequação de capacidade das rodovias concedidas deveriam ter sido feitas antes das concessões, para que os motoristas não precisassem pagar o pedágio em rodovias de pistas simples.
“De qualquer forma, o pedágio será importante para garantir essas obras. Hoje, praticamente, não há comparação entre uma rodovia pedagiada, controlada pela iniciativa privada e bem conservada, e as rodovias públicas, com inúmeros problemas de manutenção e conservação”, afirma. Procurada, a ANTT não se manifestou sobre a previsão de cobrança dos pedágios dentro das concessões da terceira etapa no Brasil.
De Sete Lagoas para BH todo dia, gasto deve ser de R$ 200/mês
Milhares de moradores de Sete Lagoas, região Central de Minas, que trabalham ou estudam em Belo Horizonte, terão que gastar mais R$ 200 por mês só com o pedágio que pode começar a ser cobrado já no próximo mês, na BR–040. Com a tarifa de R$ 3,22 estipulada pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), para o transporte de carga o prejuízo será bem maior, já que o valor do pedágio pode ser cinco vezes acima da tarifa básica. Esse e outros postos de pedágio, nos 936,8 km entre Juiz de Fora e Brasília, têm gerado revolta entre os representantes dos municípios margeados pela rodovia, que estiveram nesta terça na Assembleia Legislativa de Minas (ALMG) em busca de explicações e respostas para os problemas.
A figura mais esperada da audiência pública, Túlio Abi Saber, que preside a Concessionária Via 040, no entanto, não apareceu e deixou deputados, especialistas, autoridades municipais e líderes comunitários sem respostas aos principais anseios. Caso a empresa não se manifeste nos próximos dias, os deputados Glaycon Franco (PTN), Carlos Pimenta (PDT) e Isauro Calais (PMN) prometem formalizar uma denúncia junto ao Ministério Público e acionar a Justiça para isentar a cobrança pelos moradores das cidades ou a mudança dos locais onde foram instaladas as praças de pedágio.
“Esse senhor (Túlio Abi Saber) deve mesmo ser um turco, porque foi escolher um local estratégico para instalar o pedágio: dez quilômetros antes de Sete Lagoas. Isso foi uma sacanagem com as milhares de pessoas que se deslocam diariamente para trabalhar ou estudar na capital”, disparou Carlos Pimenta, sugerindo que o presidente da Via 40 esteja querendo lucrar com a praça de pedágio.
O presidente da Federação das Empresas de Transportes de Carga do Estado de Minas Gerais, Vander Francisco Costa, levou à audiência o temor pelo alto valor cobrado aos caminhoneiros – cerca de cinco vezes o valor da tarifa básica. “Com o governo sem dinheiro para infraestrutura, esse é o remédio amargo que teremos de engolir e repassar esse custo para o frete”, sinalizou. Em Barbacena, no Campo das Vertentes, a queixa é similar. O pedágio dividirá distrito e localidades da cidade, o que forçará cerca de 10 mil moradores a pagarem pelo deslocamento.
O especialista em regulação e coordenador de Infraestrutura Rodoviária da Unidade Regional de Minas da ANTT, Cláudio Valadares, que esteve presente, explicou que a lógica para as praças de pedágios é uma a cada 80 quilômetros. “Não vejo possibilidade de alterar o local delas”, avisou. Lideranças comunitárias de Congonhas cobraram obras para evitar mortes e prometeram fechar a rodovia, caso não obtenham consigam melhorias urgentes.
Fonte: Estado de Minas e O Tempo
Foto: Beto Novaes/EM/DA Press