Nota à Imprensa: Como baixar a pressão no transporte de cargas
A Petrobras não precisa abrir mão da política de paridade de preços internacionais para conciliar os interesses de seus acionistas com as demandas dos clientes e do mercado em geral.
É saudável a política de preços para o óleo diesel alinhada às cotações internacionais. No entanto, a gestão dessas oscilações pode ser feita sem colocar em risco atividades essenciais para a economia nacional, como o transporte de cargas.
Mais grave do que aumento de preço é a falta de estabilidade e de previsibilidade no custo do combustível. Hoje, o diesel representa 35% do custo operacional do transporte de carga. É o componente que mais pesa no preço do frete e, portanto, o que tem maior impacto nas cadeias produtiva, atingindo diretamente o controle inflacionário e a vida de todos os brasileiros.
Oscilações constantes no custo do diesel inviabilizam a formação de preços justos e seguros para o frete. Essa situação expõe os transportadores a incertezas e a prejuízos insuportáveis. Se perdurar, pode levar à insolvência generalizada no setor.
Estudos da Confederação Nacional do Transporte – CNT ajudam a compreender com precisão o complexo cenário do transporte rodoviário de cargas e apontam soluções perenes para dar estabilidade e eficiência ao setor no longo prazo.
Em relação ao diesel, é possível adotar um mecanismo simples para garantir a política de preços flexíveis da Petrobras e, ao mesmo tempo, dar previsibilidade ao mercado consumidor.
A CNT propõe o repasse das variações dos preços internacionais do diesel a intervalos de, no mínimo, 30 dias. Esse é um prazo razoável para o transportador negociar os preços de frete sem o risco de enfrentar grandes surpresas a qualquer momento.
A Confederação também sugere a adoção de um ponteiro para indicar as oscilações do mercado internacional para que o transportador possa revisar seus custos a tempo de absorver as variações no preço do diesel.
Outra medida é a criação de um gatilho que dispare o repasse quando houver grandes oscilações do preço internacional do diesel. Por exemplo, sempre que a variação acumulada ultrapassar 10% para cima ou para baixo, o preço do diesel deve ser reajustado. Isso evitaria solavancos no preço mantendo o mercado mais estável e seguro.
Para a Confederação Nacional do Transporte, encontrar um ponto de equilíbrio para o preço do diesel é fundamental, mas não é suficiente para aliviar a pressão sobre o transporte de cargas. Pelo menos, outros dois fatores pesam muito sobre o setor: a carga tributária, que chega a 24% do custo do combustível e a precariedade da malha rodoviária do país.
A Pesquisa CNT de Rodovias indica que, sozinha, a má qualidade do pavimento causa um aumento médio de 26,7% do custo de manutenção dos veículos, além de gastos extras com combustíveis, lubrificantes, pneus, freios e demais insumos.
A mesma pesquisa mostra que, só em 2018, por causa do pavimento ruim, houve um consumo adicional de 876,78 milhões de litros de óleo diesel no Brasil. Isso representa um prejuízo econômico de R$ 3,02 bilhões e um custo incalculável para o meio ambiente devido à emissão de poluentes (2,32 MtCO2eq) que poderia ser evitada com rodovias bem conservadas.
De acordo com o Plano CNT de Transporte e Logística, a redução desses custos extras depende de investimentos consistentes em infraestrutura rodoviária. O estudo indica a necessidade imediata é de R$ 48 bilhões para manutenção e de mais R$ 566,6 bilhões em obras de ampliação e modernização da infraestrutura rodoviária (rodovias e mobilidade urbana) do país.
Fonte: CNT