Na Bienal das Rodovias, CNT fomenta debate sobre sustentabilidade no âmbito governamental
A sustentabilidade veio para ficar. A conclusão é dos especialistas reunidos no painel "A agenda de sustentabilidade de atores públicos da infraestrutura", que ocorreu nessa quinta-feira (8), na Bienal das Rodovias 2024. O evento foi realizado pela ABCR (Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias) e reuniu autoridades, representantes e especialistas do setor de concessões de rodovias.
O debate contou com a mediação do diretor executivo da CNT (Confederação Nacional do Transporte), Bruno Batista. Ele lembrou que a dinâmica de incorporação de valor vem mudando cada vez mais e citou a experiência da Confederação como exemplo. “Na CNT, essa preocupação ganhou impulso há 17 anos com o Despoluir, maior programa ambiental da iniciativa privada do setor no Brasil. Estamos atentos também aos diferentes aspectos da sustentabilidade e as empresas do setor de transporte têm acolhido essa realidade nas suas temáticas de governança, de igualdade de gênero e salarial”, afirmou.
O painel reuniu o diretor de Operações da Artesp (Agência de Transporte do Estado de São Paulo), Santi Ferri; a subsecretária de concessões e parcerias da Secretaria de Infraestrutura e Mobilidade de Minas Gerais, Fernanda Alen; e a diretora administrativa, jurídica, tributária e secretária-geral da Conexis, Natasha Nunes; além do diretor de Mercado e Inovação da Agência Infra S.A., Marcelo Vinaud.
Vinaud ressaltou que a Infra S.A. tem uma agenda permanente de descarbonização, com aprendizado de mais de 30 anos e que aposta na sustentabilidade de governança. As medidas de sustentabilidade abarcam a transparência e a confiabilidade como aspectos de governança. No aspecto econômico, busca promover contratos de concessões mais atrativos e que agreguem valor no que é entregue para a sociedade.
No campo ambiental, ele fez uma ressalva para a questão dos veículos elétricos ao advertir que eles são mais pesados e podem causar danos estruturais na pavimentação das rodovias. Vinaud disse ainda ser necessário uma maior atenção nos investimentos de infraestrutura rodoviária para atender às particularidades das novas frotas.
Ferri, por sua vez, destacou as políticas de redução de acidentes e a fiscalização das concessões para diminuição de danos. O desenvolvimento socioambiental é outro item da Artesp. Ao falar do incentivo à preservação ambiental junto às concessionárias, destacou que algumas concessões usam guincho elétrico, mesmo que não esteja previsto no contrato.
Ampliar as práticas ambientais nos contratos de concessão, envolvendo energia limpa e qualidade ambiental na construção de rodovias, também foi defendido por Fernanda Alen. Ela trouxe para o debate a importância de colocar nos contratos as práticas sustentáveis e olhar o usuário como cliente. No quesito ambiental, pontuou a necessidade de maior atenção a trechos críticos para desastres ambientais, como enchentes e erosões. A especialista defendeu que as obras de engenharia precisam ser resilientes ao clima. A ideia é trazer essas inovações para os próximos lotes de concessões de Minas Gerais.
Por fim, Natasha Nunes enfatizou o diferencial da telecomunicação e da conectividade de rodovias ao defender cobertura 5G em todas as BRs. Segundo ela, hoje, só 13% da extensão das rodovias no Brasil tem cobertura de conexão. Em termos de sustentabilidade, o recurso contribui para o mapeamento e o monitoramento de fauna, bem como para soluções e licenciamentos ambientais. De acordo com ela, a conectividade influencia também na segurança, uma vez que ajuda a localizar pontos críticos, além de proporcionar melhor resposta viária e segurança para cargas e passageiros.