Motorista Nota 10: O caçula dos quatro irmãos caminhoneiros
Os termômetros marcavam 31º graus em Teresina quando José Carlos Santos Borges, 31 anos, resolveu tomar uma Coca-Cola gelada junto com um colega de trabalho e atender a nossa ligação nesta terça-feira, dia 30. “Esses são os percalços da estrada. Saí de São Paulo com 14º graus e cheguei em Teresina, na segunda, dia 29, com 35º!”, brinca sobre o calorão. Eles aguardavam o caminhão ser descarregado e estavam na divisa entre Piauí e Maranhão.
Nesta sexta reportagem da série especial Motorista Nota 10, contamos um pouco sobre José Carlos. Caminhoneiro da EGSC Logística e Transportes desde 2015, ele conta como 2019 tem sido especial em termos de reconhecimento profissional. “Tenho uma gratidão muito grande pela empresa. Ela tem me ajudado a crescer profissionalmente”, destaca.
A transportadora, que até então não possuía um motorista-instrutor, resolveu dar esta oportunidade a um de seus funcionários. Ele foi o escolhido. Em março fez cursos na Volvo e no Sest Senat, onde aprendeu tudo sobre ser um motorista-instrutor, bem como sobre a direção defensiva e econômica.
Para ocasião da campanha, foi escolhido como Motorista Nota 10 pela EGSC. “Eu fiquei muito feliz com a indicação. Tento dar o meu melhor todos os dias”, assegura. “O que eu faço, não faço por interesse, para receber algo em troca. Faço porque é o meu jeito de ser profissional. É o que aprendi com o meu pai”, afirma.
“Dê o seu melhor a cada dia, sem esperar nada em troca. A gente colhe o que planta e certamente você será honrado sempre”, aconselha.
E não para por aí. Conta feliz que conseguiu levar o seu irmão João para trabalhar na EGSC este ano. Já fazem seis meses. “Depois de muito falar na cabeça dele [o convenci a mudar de transportadora] …gosto muito da empresa”, afirma.
Por falar em irmão, ser caminhoneiro para José Carlos é algo que, nas palavras dele, estava no sangue. Caçula em uma família de cinco filhos homens, revela que nasceu e cresceu ouvindo os irmãos contando as histórias sobre as estradas. E o Pai? “Nunca foi caminhoneiro. Mas mora em Oliveira e reza todos os dias pelos filhos”, brinca orgulhoso sobre este laço afetivo. “Achava bacana quando meus irmãos diziam as coisas boas da estrada”, conta saudoso.
O primogênito, de 52, possui diferença de idade de pouco mais de 20 anos. E José Carlos foi aprendendo com cada um deles. Narra que entrou para a profissão aos 16, quando ainda fazia entrega em Oliveira e região. Aos 18, acompanhando outro irmão, começou a pegar estrada e ter experiência em realizar percursos mais longos.
Casado há 11 anos com Micheli Mara Trindade Borges, com que quem tem um casal de filhos – a Nicole de 7 e Carlos Eduardo de 1 ano e 4 meses , José Carlos conta sobre uma realidade comum entre os motoristas de caminhão. A paixão pela estrada e o amor à família. Para ele, uma das maiores dificuldades da profissão é ficar longe dos familiares. “Tecnologia ajuda muito. Faço chamada de vídeo e vejo minha esposa e meus dois pequenos. Mas tem vez que a saudade aperta. Hoje, por exemplo, estou em Teresina”, frisa. “Eu sou muito caseiro. Quando tenho folga, passo meus dias com minha família”, pontua.
José Carlos destaca que a empresa possui uma rota muito boa e que ele comumente trabalha no eixo São Paulo-Minas Gerais. Por trafegar muito pela Fernão Dias, consegue estar em Oliveira, cidade mineira onde nasceu e mora, com mais frequência.
Por outro lado, este Motorista Nota 10 viveu experiências que, na sua avaliação, não teria a oportunidade de vivenciar caso não fosse caminhoneiro. Reporta que conheceu 23 estados da federação e já viajou para a Bolívia. “Trabalhar com caminhão me permitiu conhecer várias regiões, praias e culturas. Tenho orgulho dessas histórias, histórias que vou contar para meus filhos e netos”, afirma. “Crescido e criado no interior, talvez em outra profissão eu não tivesse as mesmas condições e oportunidades. Tenho 31 anos e já conheci tantos lugares”, conclui.