Minas se faz ouvir


Chega e basta! Foi com este tom que o empresário Olavo Machado Junior, presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), aproveitou o evento comemorativo do Dia da Indústria para pontuar sua insatisfação diante da indiferença da administração federal com relação aos pleitos de Minas Gerais. Uma manifestação muito aplaudida na ocasião, num auditório em que estavam presentes os principais nomes do empresariado mineiro e que com certeza traduz sentimentos comuns à maioria. O líder empresarial foi direto e bastante objetivo na sua colocação, não deixando de assinalar méritos que enxerga na gestão da presidente Dilma Rousseff, mas foi também incisivo ao cobrar respostas às demandas do Estado, pontuadas num vasto rol. No capítulo da infraestrutura, apontou a necessidade de duplicação da BR-381 e da BR-040, seja em direção a Brasília, seja em direção ao Rio de Janeiro, a duplicação do Anel Rodoviário de Belo Horizonte e a efetiva implantação do metrô. E também apontou como urgente a instalação do Tribunal Federal de Recursos em Belo Horizonte, assim como a modernização e expansão da Refinaria Gabriel Passos. Para o líder empresarial, cuja fala coincide com os termos da chamada Agenda de Convergência para o Desenvolvimento de Minas Gerais, sancionada pelas principais entidades de representação do setor privado, nada justifica que o Estado seja relegado a segundo plano. Não diante da reconhecida contribuição que tem dado ao desenvolvimento nacional e de um peso político que pode ser temerário desdenhar. São colocações que não podem ser tomadas como mero desabafo. Elas revelam antes de mais nada uma mudança de atitude, uma postura afirmativa que pode representar à frente uma grande diferencial. Os empresários mineiros se colocam, na fala do presidente da Fiemg e com aval de seus pares, menos para marcar espaço e mais para recolocar o Estado no seu verdadeiro plano. Num movimento que, esperamos, seja amplamente convergente com a representação política, em que são tão caras quanto reconhecidas as tradições locais. Eis por que se pode afirmar que o discurso do presidente Olavo Machado na noite de quinta-feira deu novo e mais relevante significado às comemorações do Dia da Indústria. Pela atitude, pela forma e pelo conteúdo. Igualmente pelo fato objetivo de que, se não há como contestar a relevância e pertinência dos pleitos colocados, questões em alguns casos pendentes há décadas, também não é possível negar que o tratamento reservado a Minas Gerais não traduz seu peso específico, tampouco o necessário equilíbrio que é da própria natureza do sistema federativo. Algo enfim que não se pode tolerar.

Fonte: Jornal Diário do Comércio - BH