Meta é zerar acidentes em MG


Seminário sobre segurança no transporte de cargas chega à capital e traz soluções para empresas

São registrados, em média, 23 acidentes com caminhões em rodovias federais de Minas Gerais por dia. As tragédias se repetem em maior ou menor proporção. Na BR–365, em Montes Claros, no Norte do Estado, quatro pessoas morreram – entre elas, uma criança de 3 anos – e outras 16 ficaram feridas no último dia 30, quando uma carreta invadiu a contramão e bateu de frente com um ônibus. Considerando a imprudência, a falta de atenção e de sinalização e a má qualidade das pistas, é quase impossível pensar em estradas 100% seguras.

Mas não foi isso que se concluiu no Seminário Zero Acidentes, promovido nesta quarta na capital, no qual empresários de transporte de cargas e engenheiros defenderam medidas a serem adotadas pelo setor para conter acidentes.

Entre elas estão treinamento de motoristas, carga horária que respeite a saúde do funcionário, uso de tecnologias de controle e segurança nos veículos, mensuração dos acidentes e suas causas e desenvolvimento de planos de prevenção. O seminário foi realizado pelo Programa Volvo de Segurança no Trânsito (PVST), realizado com o apoio da Treviso, concessionária da marca em Minas.

“Pode parecer utopia, mas é possível construir uma nova realidade com o envolvimento da sociedade. O objetivo é não poupar esforços”, afirmou J. Pedro Corrêa, consultor do PVST e especialista em segurança de trânsito.

Alternativa. A norma internacional ISO 39.001, criada em 2012 com foco em gestão de segurança de tráfego, foi uma das soluções apresentadas. Ela traz um passo a passo de como as empresas podem adotar mecanismos de redução de acidentes e garante uma certificação de qualidade para quem se enquadrar nas regras.

No entanto, a norma ainda está distante da realidade do país, onde não há versão da ISO disponível em português e nenhuma empresa obteve a certificação. “Ainda temos poucas estatísticas no país, e a maioria das empresas não tem política de segurança. Os motoristas não são capacitados. Precisamos mudar isso”, concluiu Corrêa.

Números da violência e soluções

Evolução. Em 2011, foram registrados 12 mil acidentes nas rodovias federais de Minas Gerais. Os anos de 2012 e 2013 tiveram em torno de 11 mil registros em cada ano. Especialistas acreditam que a redução pode ser reflexo da Lei 12.619, de 2012, que impõe regras para a jornada de trabalho dos motoristas de transporte de cargas.

Imagem. Pesquisa feita pela Volvo sobre a imagem do transporte de carga no Brasil apontou que, entre os mil entrevistados, a maioria (31%) disse que imprudência é a primeira coisa que vem à mente quando se fala em motorista de caminhão; e 63% acreditam que esses profissionais usam drogas estimulantes ao volante.

Medidas. No compromisso de adotar ações de segurança, a Volvo pretende envolver todos as empresas parceiras em iniciativas como treinar funcionários, ter uma comissão interna de prevenção de acidentes e fazer a manutenção da frota.

Tecnologias pouco usadas A indústria nacional de veículos de cargas oferece tecnologias que contribuem para a redução de acidentes. Porém, muitas soluções ainda não são itens obrigatórios de série e exigem gastos das transportadoras. Um exemplo é o aparelho Alcolock, instalado na cabine para detectar, pelo ar, se o motorista ingeriu bebida alcoólica. “É quase zero o número de empresas que usam esse aparelho no Brasil”, constatou o consultor J. Pedro Corrêa.

Mais rigor na gestão não reduz os ganhos

Presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas de Minas Gerais (Setcemg), Sérgio Pedrosa disse que experiências comprovam que a segurança traz mais lucros   Uma das principais barreiras para a adoção de medidas de segurança nas empresas de transporte de cargas é o pensamento de que isso pode gerar custos e reduzir produtividade. O controle de velocidade e de jornada de trabalho dos motoristas, por exemplo, gerou resistência no setor por muito tempo. O Seminário Zero Acidentes buscou mostrar exatamente o contrário e mudar essa cultura.   Presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas de Minas Gerais (Setcemg), Sérgio Pedrosa disse que experiências comprovam que a segurança traz mais lucros. Proprietário de uma transportadora, ele contou que há 15 anos, com frota menor quea de hoje, a média era de dois acidentes com perda total de veículos por ano. Hoje, com 400 caminhões em circulação, a média é de zero.   “Essa melhoria se deve a um sistema de gestão que considera os veículos e o fator humano, além do controle de velocidade dos veículos”, avalia.   Fonte: O Tempo Foto: Fernanda Carvalho