Mensagens das ruas


As interpretações sobre as intensas manifestações de ruas ocorridas no país e suas mensagens são exercício livre, cabendo a cada um ver com os próprios olhos, mas com cuidado, pois os fatos são os mesmos. A nossa Presidente insiste em querer captar todas as benesses e colocar nas costas dos outros os problemas. Em minha interpretação todos que enxergam, são os mesmos que viram outros para viver com problema e que o ano que vem vai às urnas dar mais um mandato ao atual governo ou promover a troca. É claro que as palavras das ruas cobraram investimentos em mobilidade urbana e nacional. O povo brasileiro quer transporte urbano digno com metrô, trens, monotrilhos e ônibus de qualidade. O argumento da passagem ou do passe livre foi a forma de expressar a insatisfação, pois diferente do que foi dito na mídia, mais de 60% são subsidiados pelos empresários que pagam o Vale Transporte do trabalhador, bancado por toda sociedade quando os preços são repassados. Se vier o passe livre para os estudantes também será a sociedade que pagará, pois não existe gratuidade. As ruas e a sociedade também querem investimento em infraestrutura, em rodovias seguras que possam ser utilizadas com o mínimo de risco, quer investimentos em ferrovias e em todos os outros modais. Nos espanta e deixa-nos indignados a interpretação da Presidente, que diante dos protestos, corta os investimentos, usando a velha técnica de protelar como fez agora com a BR-381. Se me perguntam quem disse que ela cortou investimentos, respondo que é o que sobrou. Ela afirma categoricamente que vai manter os 39 ministérios, portanto não vai reduzir custeio, diz que não vai cortar programas sociais, então o que sobrou? Cortar investimentos e suas consequências estão nos jornais. A duplicação da BR 381, que deveria ter a publicação dos vencedores da licitação nesta semana, foi adiada sem data marcada. O Fórum de Empresários Mineiro reuniu toda a bancada de deputados do estado, para que em um movimento suprapartidário pedisse ao Governo Federal que priorizasse a obra, e o projeto andou. Temos que manter-nos unidos e de forma ordeira sensibilizar o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) para dar andamento ao processo, publicando o resultado da concorrência e que o corte de verbas não prejudique Minas Gerais e, principalmente, a duplicação da BR 381. Estamos apreensivos com os movimentos de rua que de democráticos podem se tornar anarquistas, quando as vontades particulares são conseguidas ao arrepio da legislação vigente. Resta-nos, também, o conforto da imensa bondade espalhada pela recente visita do Papa Francisco ao Brasil, e, assim, pedir que interceda por nós para que a BR 381 seja duplicada e evite morte de cidadãos brasileiros. Vander Francisco Costa, presidente da Federação das Empresas de Transportes de Cargas do Estado de Minas Gerais