Manifestações rendem frutos
Apesar de transtornos, protestos têm servido para gerar negociação entre população e empresas
Apesar dos transtornos e dos prejuízos causados pelos protestos que fecharam diversas rodovias na última semana, as manifestações populares têm servido, pelo menos, para originar o diálogo entre a população e as autoridades. Somente ontem, cinco rodovias foram interditadas em seis cidades diferentes, sendo que a grande maioria dos protestos terminou em poucas horas, após diálogo com os órgãos públicos. Em Sabará, na região metropolitana de Belo Horizonte, moradores do bairro Borba Gato fecharam a BR–381 por cerca de quatro horas. A manifestação aconteceu na altura do KM 451 e gerou um congestionamento de aproximadamente 13 km nos dois sentidos da rodovia. Os manifestantes reivindicaram que a linha 4900 (Borba Gato/Cidade Industrial) atenda a parte alta do bairro e cobraram mais médicos e medicamentos no posto de saúde, construção de uma nova escola, além de reclamarem da interrupção do fornecimento de água nos fins de semana e feriados. Outra reclamação foi de que a praça do bairro era usada como garagem de ônibus. A Prefeitura de Sabará divulgou nota informando que já entrou com uma ação judicial contra a Copasa devido à cobrança da taxa de esgoto, serviço que não é prestado na cidade. Também foi ordenada a retirada dos veículos estacionados na praça e anunciado que as passagens sofrerão redução de R$ 0,10. Sobre a falta de pediatras, a prefeitura alegou que o problema atinge não apenas a cidade, mas todo o país. Uma reunião acontecerá, no dia 4 de julho, entre os moradores e o Departamento de Estradas de Rodagem (DER-MG) para discutirem a alteração na rota. Ainda na BR–381, dessa vez em Betim, também na região metropolitana, cem pessoas interditaram, por duas horas, os dois sentidos da via, na altura do KM 486. Após negociações entre manifestantes e Polícia Rodoviária Federal, as pistas foram liberadas. A BR–040, em Conselheiro Lafaiete, na região Central, também foi fechada nos dois sentidos na altura do KM 622. Segunda a PRF, a pista foi liberada após algumas negociações. Em Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, moradores da cidade fecharam a BR–116 na manhã de ontem. Cerca de 150 manifestantes interditaram a via na altura do KM 388. O presidente da Federação das Empresas de Transportes de Carga do Estado de Minas Gerais (Fetcemg), Vander Costa, diz que o setor não é contrário às manifestações, mas questiona a necessidade de grandes interrupções . “O caminhoneiro pode trabalhar dez horas, com as horas extras. Hoje, quem ficou por quatro horas parado perdeu 40% da produtividade”, explicou.
Fonte: Jornal O Tempo