Luz no fim do túnel


O segundo semestre começou com novo ânimo para os empresários do setor de transporte de cargas da região Sudeste. O presidente do Setcemg recém-eleito para a próxima gestão da Fetcemg, Sérgio Pedrosa, foi uma das fontes da matéria "Luz no fim do túnel", publicada pelo informativo do Sistema Fetransportes e Sest Senat do Espírito Santo (ES), Transporte.Log, que trata do assunto. Leia!

Situação do segmento continua delicada. Mas dirigentes começam a ver melhora, mesmo modesta

Caminhões parados em pátios, queda na demanda, postos de trabalho perdidos. Há mais de um ano, essa tem sido a realidade do transporte de cargas e logística Brasil afora. A crise econômica, agravada pela crise política, levou o segmento a uma situação de grande dificuldade. Intranquilo, sem confiança e sem saber o que vinha pela frente, o empresário parou de investir, não assumia novos riscos. Resultado: o segmento travou!

Este início de segundo semestre, no entanto, está renovando o ânimo de dirigentes da Região Sudeste. Os presidentes do Transcares, Sindicarga (Sindicato de Cargas do Rio), Setcesp (de São Paulo) e Setcemg (de Minas Gerais), Liemar Pretti, Francesco Cupello, Tayguara Helou e Sérgio Pedrosa, respectivamente, começam a ver luz no fim do túnel. E vislumbram crescimento, embora discreto, para o final do ano.

Presidente do Setcesp (Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de São Paulo e Região) e uma das jovens lideranças do TRC, Tayguara Helou reconhece que embora não se tenha, ainda, indicadores para fazer perspectivas técnicas, conversas com representantes de outros setores que têm relação com o transporte, como a indústria automobilística, de autopeças, combustível e pneus, confirmam que as demandas do segmento pararam de cair.

“Temos acompanhado a retomada de um pequeno crescimento. E isso é um dado importante”, ressalta.

Sérgio Pedrosa, do Setcemg (Sindicato das Empresas de Transportes de Carga do Estado de Minas Gerais), concorda e diz que o segmento, pelo menos, “parou de piorar”. “Vejo os empresários aguardando a estabilidade política para voltar a investir. Existe ainda uma certa intranquilidade, mas já noto uma movimentação positiva”.

Pretti está mais contido. O capixaba destaca que as empresas têm atuado internamente, reduzindo custos, adequando a operação e os processos na tentativa de se prepararem para a retomada. Mas... “O mercado continua amargando com vendas baixas e pouca movimentação. Contudo, acredito que vamos comemorar um movimento positivo modesto no final do ano”, prevê.

Para melhorar...

Não há receita mágica que faça o Brasil retomar o crescimento num piscar de olhos. Mas existem “estradas” que podem facilitar o caminho. Olimpíada sem transtornos, processo eleitoral sem escândalos e a efetivação do processo de impeachment de Dilma Rousseff são as apostas de Tayguara. “Se conseguirmos isso, acredito que chegaremos em 2017 podendo pensar num PIB entre 0,5 e 0,7%, o que já seria extraordinário para setor”, diz.

E Pedrosa completa. “Dar condições ao Michel Temer para continuar o trabalho iniciado seria um bom começo. Ele formou uma equipe econômica muito boa e acho que com ela conseguirá reverter o cenário”.

Efeito dominó

Junte-se à crise nacional, que freou as atividades do transporte rodoviário de cargas, uma crise institucional, de gestão. Esse é o cenário atual do Rio de Janeiro, estado que está convivendo com um rombo de bilhões nas contas públicas e que, segundo o secretário de Fazenda, Júlio Bueno, só deve começar a respirar no final deste ano. E se está ruim para o estado como um todo, para o segmento não é diferente...

“O transporte acompanha a economia. Se a economia vai bem, o transporte vai bem. E neste início de segundo semestre estamos passando por um momento especialmente delicado porque o Rio vive uma particularidade: está tudo parado no Estado e isso atinge a cadeia produtiva como um todo”, explica o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte Rodoviário de Cargas e Logística do Rio de Janeiro (Sindicarga), Francesco Cupello.

A situação do Estado, de fato, não é das mais fáceis... A economia parou e isso significa o não pagamento de contratos e a redução de investimentos – dentre eles na área de segurança pública, que afeta o TRC pois tem relação direta com o roubo de cargas.

Em outras palavras, o problema do Rio não acaba em seu próprio território, ele tem reflexo nos demais estados que transportam e recebem produtos oriundos daquela região.

“Os investimentos em segurança pública reduziram em função dos problemas econômicos e criou-se, então, um novo problema, pois a insegurança fez com que várias empresas diminuíssem seu fluxo de mercadorias para lá. É o chamado efeito dominó. E este ano, em especial, existe ainda o fator Olimpíada, que certamente vai gerar restrições na mobilidade e pode afetar, inclusive, o abastecimento das cidades”, ressaltou o presidente do Transcares, Liemar Pretti, que tem acompanhado a situação, até porque a grande maioria das transportadoras capixabas tem o Rio de Janeiro como rota.

Anna Carolina Passos/Transporte.Log