Fiemg volta a rever para baixo as previsões


Segundo a entidade, setor deve fechar este ano com quedas de 2,6% na produção e de 5,19% no faturamento

A situação da indústria mineira é cada vez mais delicada. Prova disso é que a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) revisou - mais uma vez - as projeções para o desempenho do setor neste ano. Se no fim de 2014 as estimativas apontavam para um avanço de 0,69% na produção e de 1,34% no faturamento, agora os números são de quedas de 2,6% e de 5,19%, respectivamente. Após os primeiros resultados deste exercício, estes percentuais já haviam sido revistos para -1,74% na produção e -5,12% na receita.

Conforme o presidente do Conselho de Política Econômica Industrial da Fiemg, Lincoln Gonçalves Fernandes, o último trimestre do ano passado foi tão ruim que trouxe para 2015 a tendência de baixa atividade em todo o processo industrial. Segundo ele, este ano começou muito pior do que 2014, já que ao longo do exercício passado houve uma desaceleração acentuada e acumulada da economia, que se intensificou na transição de um ano para outro.

Por isso, "as expectativas não são nada boas, uma vez que já está claro que 2015 será um ano difícil. Para completar, o cenário macroeconômico registrado no País intensifica cada vez mais as perdas do setor produtivo, provocando uma seqüência de queda intensa das atividades, mês a mês, tendendo a aumentar também o número de demissões", avalia.

Como exemplo, Fernandes destaca o fechamento do primeiro trimestre deste exercício. De acordo com a Pesquisa Indicadores Industriais (Index), divulgada pela entidade, o faturamento real do setor recuou 13,57% no acumulado dos três primeiros meses deste ano frente ao mesmo período de 2014. Para se ter uma ideia, dez segmentos pesquisados registraram queda na receita no mesmo tipo de comparação. E apenas cinco apresentaram aumento.

A indústria metalúrgica e a extrativa mineral, dois dos mais tradicionais integrantes da atividade no Estado, tiveram os seguintes desempenhos: o primeiro registrou queda de 5,78% no faturamento, enquanto o segundo teve alta de 1,08%.

As retrações mais intensas, no que se refere ao faturamento real, ocorreram em máquinas e equipamentos (-51,83%), veículos automotores (-28,24%), vestuário (-28,1%) e produtos de metal (-23,59%), sempre no primeiro trimestre de 2015 na comparação com os primeiros três meses de 2014.

Nesse caso, o presidente do Conselho de Política Econômica Industrial da Fiemg destaca que a baixa no faturamento real do setor de veículos automotores ocorreu em função do recuo nas vendas para o mercado doméstico. Já em relação à queda no segmento de máquinas e equipamentos, ele culpa a redução dos pedidos dos principais clientes.

Por outro lado, a categoria de derivados de petróleo e biocombustíveis registrou avanço de 14,53% na receita, químicos um aumento de 4,5% e celulose e papel alta de 3,8%, na mesma base de comparação. "O aumento do primeiro setor diz respeito ao elevado nível dos estoques e da produção", explica Fernandes.

Quando considerado apenas o terceiro mês de 2015, a queda no faturamento real foi de 10,01% sobre março do ano passado. Da mesma maneira, as horas trabalhadas diminuíram 5,47% no terceiro mês deste ano sobre o mesmo período de 2014. Já no acumulado de janeiro a março a queda em relação ao exercício passado foi de 9,77%.

A utilização da capacidade instalada (Nuci) em março, por sua vez, chegou a 84,29%, contra 85,03% em fevereiro, um recuo de 0,62 ponto percentual. Já quando comparado com março de 2014 (87,15%), o índice caiu 3,36 pontos percentuais.

Em relação ao emprego, o Index revelou que em março houve queda de 3,6% ante o mesmo período de 2014 e de 0,13% frente a fevereiro. No acumulado deste ano, a baixa já chega a 2,71% sobre os três primeiros meses do exercício passado. Dos segmentos analisados pela Fiemg, nove apresentaram recuo no faturamento e seis crescimento na receita.

Fonte: Diário do Comércio

Foto: Alisson J. Silva