Fetcemg e Setcemg marcam presença em evento de mobilidade urbana na Assembleia


Luciano Medrado representou as entidades e mostrou que o abastecimento das cidades precisa ser considerado na Política Nacional de Mobilidade Urbana

Ontem, 13 de junho, o consultor técnico da Fetcemg e do Setcemg, Luciano Medrado, participou do ciclo de debates “Mobilidade Urbana - Construindo Cidades Inteligentes”, no Plenário da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

Medrado compôs o painel que tratou dos desafios e estratégias para a infraestrutura urbana ao lado do ex-presidente da BHTrans Ricardo Mendanha; do presidente da Câmara Automotiva Mineira da FIEMG Fábio Sacioto; e do gestor ambiental do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC) João Paulo Amaral.

O consultor lamentou que, quando a mobilidade urbana é abordada no Brasil o senso comum leva as pessoas a pensarem em transporte público, deixando de lado a circulação de pessoas em si e o transporte de cargas.

Ele argumentou que antes de pensar em planos de mobilidade é preciso considerar as razões pelas quais as pessoas moram nas cidades e o porquê elas se deslocam. Segundo Medrado, a principal razão para o deslocamento é o retorno para as residências, seguido da busca por serviços de saúde, educação, trabalho e lazer. “Em diversas pesquisas e entrevistas que participei nenhuma outra razão foi apontada para o fluxo de pessoas nas cidades. No entanto, não há questionamento na sociedade quanto ao nexo causal da necessidade de abastecer esses destinos. Afinal, ninguém vai ao trabalho se não houver cadeira e computador, ou para a escola se não existirem livros, ou para um hospital que não tenha macas e medicamentos”, observou.

E é o caminhão que faz os produtos chegarem às mãos dos consumidores, disse o consultor, afinal, são esses veículos que conectam o que é transportado via avião, navio e trem para dentro das cidades. “Portanto, a solução não é restrição da circulação de caminhões nos grandes centros e sim políticas mais contundentes de mobilidade urbana”. Ele citou como exemplo a cidade de São Paulo. “Depois das restrições de circulação de caminhões em certas vias foi observado o aumento de valor de alguns produtos e até mesmo o desabastecimento e isso nas regiões mais carentes”, compartilhou.

Por fim, o consultor concluiu que o evento foi importante para criar um roteiro de atuação em busca de soluções mais adequadas à realidade atual das cidades. “O principal resultado será a formação de massa crítica que possibilitará a elaboração de um termo de referência que poderá orientar os gestores municipais para ações da mobilidade urbana”, aponta Medrado.

Integração e fiscalização foram as palavras de ordem do painel Todos os participantes demonstraram ao longo de suas exposições que a busca da mobilidade deve ser pautada pela integração de todos os meios de locomoção e não pela competição entre eles. Mendanha observou que a atual dinâmica das grandes cidades as têm transformado em “verdadeiras ilhas” e que a solução para superar esse desafio metropolitano deve passar por esferas intergovernamentais, o que significa que é preciso prever uma ligação mais fluída entre os municípios.

João Paulo Amaral disse que o investimento em BRT, VLT, metrô, monotrilho, ciclovias, táxis e em ônibus coletivos deve ser ampla, pois, ao sair de casa o cidadão poderá escolher, de acordo com seu destino, qual a melhor alternativa. Por exemplo, usar bicicleta até o metrô, ou BRT mais ônibus, enfim, compor a melhor forma de deslocamento de acordo com a sua necessidade. “Hoje as opções do cidadão são muito lineares, ou é o metrô, ou o ônibus ou o veículo individual. Essa realidade tem transformado o carro no vilão da mobilidade”, contatou Amaral.

Sacioto chamou a atenção para a urgência de instaurar a obrigatoriedade da inspeção técnica veicular no território nacional. Ele considerou que a falta de manutenção dos veículos e a idade avançada da frota, seja de veículos pesados ou de automóveis individuais, corrobora com a poluição, com acidentes e com os grandes congestionamentos. Medrado concordou e disse que também faz parte da postura das entidades que representam as empresas de transporte rodoviário de carga reivindicar balanças e postos de fiscalizações nas rodovias para fazer cumprir as leis.

O consultor mencionou ainda que é necessário implantar mecanismos de controle e desempenho para as políticas de mobilidade urbana. “Vemos isso fora do Brasil e dá certo. Afinal, é preciso saber se as alternativas planejadas são efetivas quando colocadas em prática”, apontou.

Sobre o Fórum Técnico O ciclo é um dos eventos do Fórum Técnico promovido pela ALMG para mobilizar o poder público e a sociedade civil a repensar a mobilidade urbana.

O Fórum Técnico “Mobilidade Urbana - Construindo Cidades Inteligentes” é promovido pela ALMG, em parceria com entidades não governamentais e tem objetivo de encontrar soluções para os problemas de mobilidade urbana que afetam as cidades. As discussões acontecem no momento em que é a Política Nacional de Mobilidade Urbana (Lei Federal 12.587, de 2012) é editada. A lei obriga os municípios com mais de 20 mil habitantes a elaborarem Planos de Mobilidade Urbana até 2015.

Além do ciclo de debates, a programação do Fórum Técnico prevê, ainda, encontros nas Regiões Metropolitanas do Vale do Aço (RMVA) e de Belo Horizonte (RMBH), onde a mobilidade urbana apresenta desafios particulares.

O Setcemg e a Fetcemg são parceiros do fórum técnico e participam ativamente dos debates e reuniões preparatórias.

Fotos: Lia Priscila