Escritório da CNT na China aproxima empresários brasileiros e chineses
Especialistas afirmam que a abertura do escritório é estratégica para atrair investimentos ao setor de transporte no Brasil.
A Agência CNT de Notícias apresenta uma série especial de reportagens sobre a iniciativa da CNT de abrir um Escritório Avançado na China. ?Saiba mais sobre a relação entre os empresários dos dois países e como o setor de transporte no Brasil pode avançar com esta parceria com os chineses.
Aproximar as relações entre os empresários brasileiros e chineses, facilitar a troca de experiências e soluções em transporte, além de atuar como uma ‘ponte’ para atrair investimentos em infraestrutura no Brasil. Estes são um dos principais objetivos do Escritório Avançado da Confederação Nacional do Transporte (CNT), que funciona em Pequim, capital do país, desde o início de abril.
“A China investiu pesado em infraestrutura nos últimos anos e as grandes empresas que fizeram esta transformação estão ociosas, querem ganhar o mundo. Nossa missão é identificar potenciais parceiros, empresas que tenham interesse de investir no Brasil”, destaca o diretor de Relações Internacionais da CNT e coordenador do Escritório, Harley Andrade.
Segundo o executivo, os empresários chineses, apesar da vontade de exportar tecnologias para o Brasil, não sabem como e nem onde realizar os investimentos. “Eles ainda não entendem como funcionam os processos de licitação no país. Nós temos que criar estas oportunidades, apresentar projetos prioritários e conhecer o know how dos chineses”, completa.
Clodoaldo Hugueney Filho, ex-embaixador do Brasil na China, é um dos consultores contratados pela CNT. Ele afirma que a iniciativa de abrir o escritório é muito importante. “Quando morava na China, havia muitas queixas dos empresários chineses de que eles conheciam pouco as oportunidades de investimento no Brasil. Faltava nossa presença permanente em Pequim para alavancar essa cooperação entre os dois países”, pontua.
Ele explica que a decisão de instalar a sede na capital chinesa foi estratégica. “O setor de infraestrutura na China tem uma presença governamental muito grande, apesar de existir um processo de abertura à iniciativa privada. Na área de ferrovias, por exemplo, o governo acaba de anunciar um programa de investimentos para construir seis mil km de trilhos. A escolha por Pequim foi correta e vai permitir o contato com as grandes estatais chinesas”, explica Hugueney.
A atuação na China, in loco, estará sob a responsabilidade do executivo José Mario Antunes e vai contar com o apoio do consultor e ex-cônsul-geral do Brasil em Xangai, Marcos Caramuru. Eles vão viajar pelo país para entrar em contato com grupos de empresários e para divulgar o trabalho do Escritório. “Isso vai abrir portas para novos empreendimentos, novas associações e cooperação tecnológica”, revela Caramuru.
De acordo com o diplomata, o campo de atuação para as empresas chinesas, no Brasil, é amplo porque a capacidade dos chineses de planejar, manufaturar, construir e prestar serviços é grande. “O país é um dos que mais investiu em transportes nos últimos dez anos. Ela formou empresas, desenvolveu know how. Já o Brasil tem um déficit de investimentos em infraestrutura, precisa absorver experiência e formar parcerias com quem entende do assunto. Existem áreas que há um potencial natural de interação”, completa Caramuru.
Questionado pela Agência CNT de Notícias sobre o que precisa mudar no Brasil, para facilitar investimentos da China, Caramuru destaca que uma das principais dificuldades são os processos licitatórios. “Os chineses que investem no Brasil se assustam com burocracia e a complexidade da tributação. Mas isso não é novidade e não vamos mudar por causa deles. Mas precisamos ajudá-los a entender melhor essa realidade e as oportunidades que existem”, explica.
Resistência Caramuru reconhece que, no início, pode haver resistência dos brasileiros às ações dos chineses. No entanto, ele destaca que “o importante é formar parcerias que funcionem bem para os dois lados”. Hugueney acrescenta que o mais importante é deixar de lado o clima de competitividade e trabalhar em conjunto. “O setor de infraestrutura é diferente da área industrial, é completamente diferente. Estamos falando de grandes obras, investimentos a longo prazo. As empresas podem aportar no país e entrar em projetos já existentes”, afirma.
Para o ex-embaixador do Brasil na China, é preciso haver uma definição de prioridades e uma indicação de como os investimentos devem ser feitos. O objetivo é encontrar um meio que seja benéfico e contemple plenamente os interesses dos empresários e dos governos brasileiro e chinês. “Para isso o Escritório Avançado da CNT é importante, para evitar que exista este tipo de atrito”, completa.
Localização Em Pequim, o executivo José Mario Antunes estará à frente do Escritório. Ele é engenheiro civil e mestre em desenvolvimento internacional na China pela Tsinghua University-Schoool of Public Policy and Management, onde estudou o perfil e as motivações dos investimentos chineses no Brasil. Também trabalhou no Banco da China, em São Paulo, até março de 2014.
O Escritório Avançado da CNT está localizado no endereço Suite 1112, 11th Floor Kerry Center, North Tower 1 Guanghua Lu, Chaoyang District, Beijing, 100020 (??????11?1112?, ???1?, ???, ??, 100020).
Arte: Paulo Soares Fonte: CNT