Entrevista - Falta de logística favorece o caos urbano
Para o consultor Luciano Medrado, elaborar um plano de desenvolvimento urbano integrado melhoraria mobilidade.
Faltam conhecimento técnico, recursos, planejamento e decisão política para que os municípios com mais de 20 mil habitantes elaborem, até 2015, planos de mobilidade urbana, como determina a legislação federal. Esta é a opinião do consultor de desenvolvimento e logística do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas de Minas Gerais (SETCEMG), Luciano Medrado. Formado em economia pela Universidade de Brasília (UnB) e com especialização em gestão de negócios; transporte e inteligência logística; e organização, planejamento e processos pela Universidade de Nova Iorque, Medrado construiu sua carreira, nas diversas empresas e entidades que trabalhou, focado na questão da logística. Esse é um dos temas que pautam as reuniões preparatórias para o Fórum Técnico Mobilidade Urbana – Construindo Cidades Inteligentes, em formatação pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), das quais o consultor é um participante assíduo. A ALMG aborda essa questão em uma série de matérias sobre a mobilidade. Como a logística ruim influencia na crise da mobilidade urbana? A integração do plano logístico urbano com o plano diretor das cidades confere organização sistêmica da mobilidade, das pessoas e veículos pela estrutura dos municípios. A falta da logística favorece o caos urbano. Quais sugestões relacionadas à logística o senhor daria para que houvesse melhorias na mobilidade? A elaboração de um plano de desenvolvimento urbano sustentável integrado, composto pelo plano diretor de uso e ocupação do solo, do plano de preservação do meio ambiente, do plano de logística de abastecimento urbano, do plano econômico e social e do plano de mobilidade urbana. O senhor destacaria alguma iniciativa inovadora nessa questão da logística? O uso intensivo de tecnologia aliado ao planejamento, que dão origem a uma cidade inteligente. Se implementados os projetos dos trens metropolitanos e do ferroanel, haveria melhoria na logística da Região Metropolitana de Belo Horizonte? Essa multimodalidade dos transportes (a articulação entre vários modos de transporte) é o modelo adotado pelos países mais avançados em conhecimento e políticas públicas de logística urbana. As cidades com mais de 20 mil habitantes, que deverão ter planos de mobilidade urbana até 2015, estão preparadas para fazê-lo? Essa é a grande preocupação. Com toda sinceridade, a resposta é não. Faltam conhecimento técnico, equipe técnica, recursos para investimento, planejamento e decisão política. Ao elaborar esses planos, os municípios precisam estar atentos a quê? Acredito muito que ao final do Fórum Técnico Mobilidade Urbana – Construindo Cidades Inteligentes, com ciclo de debates e seminários metropolitanos e estadual promovidos pela Assembleia Legislativa, o principal resultado será a formação de massa crítica que possibilitará a elaboração de um termo de referência/roteiro que poderá orientar os gestores municipais. Durante reunião preparatória para o Fórum Técnico Mobilidade Urbana – Construindo Cidades Inteligentes, o senhor falou que esse é um conhecimento que não está acumulado no Brasil. Como o País deve construir esse saber? Na realidade, essa construção em Minas Gerais teve início há quatro anos, com o Projeto Turblog da Prefeitura de Belo Horizonte, e foi estendido para a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A Região Metropolitana de Belo Horizonte dispõe, hoje, do Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado, que embora muito acadêmico, é importante para alavancar o conhecimento sobre mobilidade urbana. A ALMG será um novo marco no desenvolvimento do conhecimento aplicado em mobilidade urbana. Quais experiências podem ser referência para melhorias no setor em Belo Horizonte? As experiências mais avançadas em conhecimento aplicado em mobilidade urbana são Londres, Tóquio, Paris e Barcelona, na minha opinião. A próxima matéria da série sobre a mobilidade urbana será publicada na segunda-feira (20).
Fonte: Portal Assembleia de Minas/MG