Empresas que administram BRs de Minas têm o desafio de evitar mortes
Evitar acidentes e mortes é a principal tarefa das concessionárias que começam a operar quatro rodovias federais no estado. Combater excesso de velocidade é primordial para evitar tragédias
As empresas que vão administrar as quatro rodovias federais que cortam Minas Gerais incluídas na terceira etapa de concessões rodoviárias comandada pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) já começaram a prestar os primeiros serviços aos motoristas e a enfrentar o grande desafio de reduzir os altos índices de acidentes e mortes nestas estradas. De acordo com o último balanço anual fechado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), a BR-040 teve em 2013 o maior número de mortes nos últimos sete anos, com 243 vidas perdidas, mesmo com o número de batidas diminuindo nos últimos anos (veja quadro. Já a BR-153, que corta o Triângulo Mineiro entre as divisas de Goiás e São Paulo, também tem um recorde: ano passado foram 749 acidentes, maior registro desde 2007.
A MGO Rodovias foi a primeira a entrar em operação e já começou o trabalho de apoio aos motoristas na BR-050, entre Araguari e Uberaba, no Triângulo Mineiro. A Concebra, responsável pelas BRs 262 e 153, entre Betim (Grande BH) e a divisa com Goiás (Triângulo Mineiro), e a Via BR-040, que administra a BR-040 entre Juiz de Fora (Zona da Mata) e Brasília, vão iniciar a prestação de serviços em setembro e outubro, respectivamente. Além da obrigação de dar uma resposta à violência rodoviária com adequações de engenharia, que passam principalmente pela duplicação, as concessionárias precisam implementar ações de controle de velocidade, conforme estabelecido em contrato com a ANTT, e de educação no trânsito.
O exemplo da BR-381 entre Belo Horizonte e São Paulo, administrada desde 2008 pela Autopista Fernão Dias e principal concessão rodoviária em Minas Gerais, mostra que a maneira mais eficaz de reduzir o número de acidentes e vítimas após a implantação das melhorias viárias é a instalação de radares. A duplicação encorajou motoristas a abusarem da velocidade e o resultado foi o crescimento do número de acidentes. Apesar da eliminação das colisões frontais, o volume de ocorrências de saída de pista e colisões traseiras aumentou, demandando uma ação rigorosa de controle de velocidade.
A implantação de fiscalização eletrônica na Fernão Dias só veio seis anos depois do início da concessão e ainda depende de um convênio entre ANTT e PRF para que os motoristas que abusam da velocidade sejam multados. Nos três casos das atuais concessões rodoviárias, a instalação dos radares não vai demorar tanto tempo. O prazo determinado para a entrada em operação desses equipamentos é de 12 meses, contados a partir do início da concessão.
Para o coordenador do Departamento de Transportes da Fumec, Márcio Aguiar, a melhoria da qualidade das rodovias concedidas à iniciativa privada vai contribuir para a diminuição da carnificina nas estradas. “A maioria dos acidentes é causada pelas condições precárias das rodovias, aliadas ao grande tráfego e também aos problemas de manutenção”, diz Aguiar. Ainda segundo o professor, não há como pensar em duplicação sem colocar radares nas estradas. “Com melhores condições, o motorista acelera mais. Quanto maior a velocidade, mais grave é o acidente”, completa.
MORTES NA 262 Em 2013, 146 pessoas envolvidas em acidentes morreram na BR-262, terceiro maior índice dos últimos sete anos. Em Minas, essas estatísticas correspondem ao trecho da rodovia que vai do Triângulo Mineiro até a divisa com o Espírito Santo. A parte concedida à iniciativa privada pega apenas um dos lados, de Betim até o Triângulo. A Concebra, empresa que ganhou o leilão, promete começar os serviços de apoio ao usuário em 5 de setembro, prazo máximo estipulado pela ANTT, com guincho, socorro mecânico e atendimento médico. Enquanto isso não ocorre, os motoristas não têm a quem recorrer.
É o caso do empresário Welliton Geraldo dos Santos, 29, que acabou surpreendido na BR-262, em Betim, na Grande BH, por uma correia dentada que arrebentou quando ia de Mariana para Itaúna, ambas na Região Central. Como o veículo ficou sem condições de funcionar, ele precisou caminhar até uma oficina próxima, onde conseguiu o telefone de um guincho. “Com o serviço de apoio funcionando, rapidamente vai aparecer um guincho nesses casos de pane mecânica ou acidente. É uma segurança muito grande. Não sei em quanto tempo vou conseguir resolver esse problema antes de seguir para Itaúna”, diz ele.
No Km 377 da rodovia, em Juatuba, também na Grande BH, um dos postos de atendimento ao usuário já começa a tomar forma no sentido Uberaba. Perto dali, o motorista da Prefeitura de Bambuí Reginaldo José Campos, de 51, que transporta pacientes que vêm a Belo Horizonte em busca de atendimento médico, espera que a situação melhore com o início das operações da concessionária. “Vejo muitos acidentes nesta estrada. A presença de socorristas dá mais tranquilidade para mim, que transporto pessoas com problemas de saúde”, diz ele. O torneiro mecânico Márcio Antônio Gonçalves, de 48, costuma viajar entre Pitangui (Centro-Oeste) e Belo Horizonte todos os dias. “Como uma parte da 262 está duplicada, o pessoal corre demais, são muitos acidentes. É importante ter radar para obrigar as pessoas a respeitar os limites”, diz ele.
Para o inspetor Aristides Júnior, chefe do setor de comunicação social da PRF em Minas Gerais, a privatização das rodovias trará benefícios. “A perspectiva é que melhore cada vez mais. Normalmente, temos a liberação mais rápida do trânsito em caso de acidentes, contamos com apoio de guincho e resgate, entre outros”, diz Júnior.
Fonte: Estado de Minas
Foto: Paulo Filgueiras - EM/DA Press