Empresário precisa fazer leitura política e econômica mais apurada para planejar 2015


Chegamos a novembro e mais uma vez é hora de analisarmos o que ocorreu para planejar o próximo ano. 2014 começou com grandes expectativas pela Copa do Mundo no Brasil e eleições para deputados, senadores, governadores e presidente.

A Copa mostrou que nossas instituições têm condições de organizar um grande evento, as tragédias anunciadas fora do campo não ocorreram, se limitando a se mostrar presente dentro do campo, com um resultado que mostra a falta de seriedade e responsabilidade na gestão do futebol brasileiro.

Há pouco passamos pelas eleições, cujas urnas mostraram que a maioria do povo mineiro quis mudar a gestão estadual e manter a federal. A campanha eleitoral foi de nível muito baixo e em nossas reflexões de final de ano devemos pensar se não é hora de mudar e apoiarmos de fato uma reforma política, tributária e jurídica.

As urnas também mostraram que pouco menos da metade quer mudar o comando do governo nacional, e muito provavelmente vamos ter uma oposição mais presente, vigilante.

A reeleição da presidente Dilma nos dá a tranquilidade de continuidade de gestão. Vamos viver 2014 como foram nos últimos quatro anos. Na hora de planejar o futuro de nossas empresas devemos fazer muito com base no que foi o primeiro mandato, com um pouco de olhar em promessas de campanha, que por regra não são cumpridas no Brasil. A presidente Dilma é pessoa de personalidade forte e é muito pouco provável que ocorra mudanças radicais em sua forma de governar.

Em números macroeconômicos, o que vivemos foi a queda no crescimento do PIB, que este ano fechará com crescimento pífio, próximo a zero; inflação subindo batendo o teto da meta, juros também crescentes. É um cenário não muito otimista para 2015.

Considerando que já estamos acabando a primeira dezena de novembro e que a economia não muda com passo de mágica, mas com ações que demandam tempo para trazer efeitos, podemos vislumbrar que este também será o cenário do primeiro trimestre de 2015.

Nada nos mostra que teremos aumento no crescimento, pois não há incentivo para a indústria nacional. Preocupa-nos o cenário agrícola, pois a seca traz a possibilidade de queda na safra. A capacidade de endividar do brasileiro está no limite e os bancos não demonstram vontade de serem mais generosos na concessão de créditos, o governo gera décifit primário e fica sem capacidade de investir na infraestrutura. Crescer como? Aumentando a taxa de juros?

Com a inflação crescente, não percebemos nenhuma atitude em enfrentá-la na sua origem, que seria o controle dos gastos públicos. Existem preços represados da energia, transporte público dentre outros que precisam ser corrigidos para garantir a sobrevivência do país. O combustível foi alinhado por questões externas, queda no preço internacional do petróleo, mas terá um reajuste. A taxa de juros sozinha não é suficiente para conter a inflação e a contabilidade criativa não resolve nossos problemas, agrava-os, pois gera incerteza e afasta investimentos.

Este é o cenário que vivemos. Portanto ao planejar 2015 e fazer o orçamento devemos pensar em manter o faturamento, pois a possibilidade de crescimento é muito pequena. Na hora de orçar é preciso ser realistas para não sermos surpreendidos. Este cenário aponta ainda para a possibilidade de sermos muito pressionados pelos clientes para abaixar preços do frete, pois com a inflação no teto, a pressão de custo virá para todos. Nestes casos precisamos ter bem calculados nossos custos para não admitirmos preços que não os remunerem.

É necessário estarmos sempre conscientes de que trabalhar com prejuízo é suicídio empresarial. Não existe lei ou contrato que nos obrigue trabalhar com preços abaixo dos custos. O Brasil mudou, a fiscalização é eletrônica e chega perto da perfeição. O mesmo vai ocorrer com as responsabilidades trabalhistas com a implantação do e-social, que impõe a todo empresário a necessidade de se organizar e ter todos os indicadores de sua empresa na cabeça para tomar as decisões corretas.

Vander Francisco Costa, presidente da Fetcemg