Editorial - Uma espera para além do razoável


A duplicação da rodovia BR-040, no trecho entre Brasília e Juiz de Fora, mesmo que com atraso de algumas décadas, será finalmente iniciada. De acordo com as mais recentes informações da concessionária, homens e máquinas já estão mobilizados e vão começar no trecho entre Luziânia, em Goiás, e João Pinheiro. Sobre o trecho mais crítico da rodovia, entre Belo Horizonte e Juiz de Fora, os prazos para o início das obras permanecem indefinidos, dependendo de licenças ambientais, não sendo possível estimar quando serão entregues. A ligação rodoviária entre o Rio de Janeiro e Brasília, passando por Belo Horizonte, data da construção da nova capital federal, faz pouco mais de 50 anos. A duplicação entre o Rio e Juiz de Fora foi entregue nos anos 70 do século passado, com previsão de que os 900 quilômetros restantes, até Brasília, seriam prontamente atacados. A espera continua, apesar da privatização do trecho em regime de concessão, agora tendo como principal fator de imprevisibilidade as licenças ambientais. São cuidados recomendáveis, desde que pautados pela razoabilidade, o que nem sempre necessariamente acontece. Os trechos mais críticos da rodovia, em termos de movimento e de impacto para as atividades econômicas, são justamente aqueles em que os riscos de demora parecem ser maiores. De Belo Horizonte até Curvelo, na direção de Brasília, e no sentido oposto, em direção a Juiz de Fora. Com destaque para o trecho de cerca de duzentos quilômetros entre Belo Horizonte e Conselheiro Lafaiete, submetido ao pesado tráfego de caminhões a serviço de mineradoras que atuam no seu entorno. Além do traçado inadequado e do tráfego muito além da capacidade projetada, o transporte de minério de ferro representa risco constante para os demais usuários e é o principal fator responsável pela deterioração do pavimento. Uma situação que já poderia estar resolvida, com a construção de uma via lateral exclusiva para uso das mineradoras, o que só não aconteceu por conta de restrições ambientais. A corrida continua sendo contra o relógio e a concessionária, reconhecendo o nível de desgaste do trecho e ao mesmo tempo sem saber quando as obras definitivas poderão ter início, se limita a prometer ações que melhorem a segurança na via. Pode ser muito pouco diante da gravidade e da freqüência de acidentes no trecho, além dos custos que oneram o transporte de cargas. Tudo isso pede atenção e agilidade, com claro entendimento do que possa ser de fato mais importante, considerados todos os interesses envolvidos. Já se esperou muito e a um custo que, à voz do bom senso, não parece ser nada razoável.

Fonte: Diário do Comércio Foto: Jornal Coletivo