Dnit proíbe carretas de descer a BR-356 depois do BH Shopping a partir de janeiro
Duas medidas para restringir o trânsito de cargas pesadas entre a BR-356 e a Avenida Nossa Senhora do Carmo deixarão carretas e caminhões mais pesados com os dias contados para a região. A partir de 22 de janeiro, veículos com mais de cinco eixos, como carretas bitrem, não poderão mais trafegar depois do BH Shopping, sentido Savassi, de acordo com portaria do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Ontem, a BHTrans começou a operar um sensor de peso com radar, para multar e interceptar veículos pesados que insistem em descer a Avenida Nossa Senhora do Carmo – palco de acidente em junho no qual uma carreta que transportava uma bobina de aço tombou, matando três pessoas.
Conforme a portaria do Dnit, a orientação para veículos de carga com mais de cinco eixos é para que desçam o Anel Rodoviário. A partir da semana que vem, o órgão promete reforço na sinalização desde a altura do Jardim Canadá. Segundo o subcomandante do Batalhão de Polícia Militar Rodoviária, major Aguinaldo Lima, a fiscalização não será alterada. “O local estará devidamente sinalizado, permitindo que o motorista desvie com antecedência”, disse. Para 2013, em parceria com a prefeitura de Nova Lima, o prefeito Marcio Lacerda pretende instalar uma plataforma de logística de carga, no Jardim Canadá, para ordenar o fluxo de veículos pesados, inclusive distribuindo a carga para caminhões menores, quando for o caso. Haverá exceções para cargas indivisíveis, sob pedido de autorização e análise do Dnit e da BHTrans.
Na Avenida Nossa Senhora do Carmo já é proibida a passagem de caminhões com mais de 6,5 metros de comprimento e acima de cinco toneladas, de segunda a sexta-feira das 7h às 20h e aos sábados das 7h às 15h. Carretas e cavalos mecânicos são expressamente proibidos em qualquer horário. O sensor no asfalto, que funciona desde ontem, consegue aferir a massa do veículo e o radar fotografa quando estiver acima das dimensões citadas. Nesse caso, agentes da BHTrans poderão tentar interceptar o veículo, impedindo que ele desça a avenida. A punição para todos esses casos é pagamento de multa e pontos na carteira. “É uma medida voltada para a segurança do trânsito e completa uma série de medidas do município com outros órgãos”, afirma o gerente de Coordenação de Operação da BHTrans, Fernando Pessoa.
Mais medidas Coordenador do Movimento de Associações de Bairros contra o Trânsito de Carretas na Avenida Nossa Senhora do Carmo, o engenheiro Aloísio de Araújo Prince avalia que as ações de Dnit e BHTrans são importantes, mas não bastam para regular o trânsito na rodovia federal e na avenida da Região Centro-Sul. Para ele, é preciso colocar avisos e placas antes da entrada para o Anel Rodoviário e, fundamentalmente, instalar um sensor de peso entre o acesso para o anel e a entrada para Nova Lima.
“Só a sinalização não garante a segurança. Precisa haver uma fiscalização física e os equipamentos modernos podem até reduzir o número de agentes. Apesar de ter importância, a portaria só não basta. Ela é só uma das medidas que devem ser adotadas”, defende Aloísio. “O que tem acontecido é que motoristas desavisados, que não conhecem a região, seguem em frente e precisam ser parados antes de entrar naquela descida, em que já vimos muitas caminhões perderem o freio”, acrescenta. O diretor do Sindicato de Empresas de Transporte de Cargas de Minas Gerais Ulisses Martins Cruz avalia que a sinalização é insuficiente desde o Viaduto da Mutuca. Ele considera que o risco é alto quando um caminhão de carga pesada ou carreta desce pela rodovia até a Nossa Senhora do Carmo. “BH ainda é uma cidade que orienta mal o motorista estrangeiro, que não está acostumado a passar aqui. Até a entrada do anel, o trânsito de caminhões de grande porte e carretas é muito grande e, se passar direto, só há possibilidades de retorno no trevo do BH Shopping, que já está um caos”, opina. “Quem perde a agulha de retorno no Belvedere é obrigado a seguir até lá embaixo”. Ulisses Cruz ressalta que o transportador e o contratante deverão se adequar às restrições, embora, segundo ele, a demanda de transporte de cargas abaixo do Belvedere seja muito específica. “Não vejo muito impacto no dia a dia, exceto quando houver o transporte de um tanque de gás para a Região Hospitalar, de lajes pré-moldadas ou vigas de aço como material de construção ou de um aquecedor solar para hotéis e prédios da Centro-Sul, por exemplo. Mas, nesses casos, é preciso pedir autorização para transitar em horário restrito”, conclui. PALAVRA DE ESPECIALISTA: Silvestre de Andrade Puty Filho, mestre em transportes Ações preventivas são positivas Naquele trecho da BR-356 que termina em uma avenida urbana há um conflito institucional, de jurisdição, e por isso essas duas ações são complementares. São mais preventivas que corretivas. Proibir a circulação a partir do BH Shopping vale a pena porque há escapes pela Avenida Raja Gabaglia ou pelo Belvedere, atendendo quem também vai para Nova Lima. O acidente acontece pela exceção e não pela regra. É o desavisado, aquele que dirige fora do padrão, que não conhece a região e fica perdido. Já as situações que dependem de autorização são específicas e acabam bem definidas pelas restrições, que já são exigentes. Confira aqui a Portaria329 DNITFonte: Estado de Minas 12/12/2012