Diesel em Minas é o mais caro do Sudeste
Resultado é um impacto negativo no faturamento das transportadoras e dos próprios postos, que perdem clientes
O diesel vendido nos postos mineiros ao preço médio de R$ 2,819 o litro é o mais caro da região Sudeste. O mesmo ocorre com a versão que apresenta menor quantidade de enxofre (S10), que é comercializado a R$ 2,974 em Minas Gerais. O resultado é um impacto negativo no faturamento das transportadoras e dos próprios postos, que perdem clientes para os estados limítrofes. Empresários dos dois ramos estão abandonando o mercado, depois de meses de prejuízos.
Segundo levantamento da ANP, comparado com maio de 2014 houve elevação de 12,13% no preço do diesel comum em Minas Gerais, que passou de R$ 2,514 o litro para R$ 2,819. Já o do tipo S10 encareceu 11,63% no mesmo período, ao sair de R$ 2,664 para R$ 2,974.
O preço do combustível em Minas é mais alto que nos demais estados do Sudeste. Em São Paulo, o diesel comum é vendido a R$ 2,713 e o S10, a R$ 2,873. No Espírito Santo, os preços são de R$ 2,776 e R$ 2,929, respectivamente. E no Rio de Janeiro, R$ 2,773 e R$ 2,951.
Segundo o diretor do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo do Estado de Minas Gerais (Minaspetro) Bráulio Chaves, a principal explicação para o preço mais alto do diesel no Estado é o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS). Em Minas, a alíquota é de 15%, enquanto nos demais estados é de 12%.
Além disso, há o impacto do custo da logística. Como o diesel produzido na Refinaria Gabriel Passos (Regap), em Betim (RMBH), não é suficiente para abastecer todo o Estado, os postos mineiros precisam importar de outras regiões o combustível para revenda, o que faz com que o preço fique mais alto.
Concorrência - Para os proprietários de postos, a diferença de preços é extremamente negativa. Isso porque os transportadores buscam abastecer nos estados limítrofes sempre que possível. "Todos os postos localizados a menos de 100 quilômetros de outros estados estão sofrendo forte impacto, com vendas cada vez menores", afirma.
Somando com a redução já esperada da demanda em momento de economia fraca, entre janeiro e abril houve redução nas vendas de combustíveis em Minas Gerais da ordem de 4%. Há casos em que o impacto foi tão grande que os postos foram fechados.
"Não temos um levantamento de quantos postos não resistiram à concorrência e fecharam, mas basta seguir pela rodovia Fernão Dias no sentido São Paulo que dá para ver vários postos fechados. O setor está sofrendo com a queda no faturamento e o Estado perde arrecadação", ressalta.
Sofrem também com o alto custo do diesel no Estado as empresas transportadoras. Somente pelo preço do combustível, o frete precisa ser entre 2% e 3% mais caro que nos demais estados. Como a economia está em baixa, muitos empresários estão optando por reduzir cada vez mais as margens.
Mas essa estratégia é limitada. "Seguramos as margens até chegarem a zero. Mas com tantos gastos não dá para manter uma empresa no prejuízo por muito tempo. Tem muita gente saindo do mercado por causa da situação", afirma o presidente da Federação das Empresas de Transportes de Carga do Estado de Minas Gerais (Fetcemg), Vander Francisco Costa.
Para este ano, a melhor das projeções para o setor é fechar com faturamento cerca de 2% menor que o apurado em 2014. E quanto aos fretes, depois de uma alta média de 10% no primeiro semestre, o segmento já estuda outro reajuste para os próximos meses. "Vamos esperar o fim do dissídio coletivo para sabermos exatamente de quanto será a alta nos custos para repassarmos ao frete", afirma.
Fonte: Diário do Comércio
Foto: Correio de Uberlândia/Arquivo