Desapropriações atrasam 381


Dnit adia a abertura das propostas da licitação dos últimos quatro lotes de duplicação da Rodovia da Morte. Obras nos outros trechos da estrada ainda não têm data para começar

As desapropriações que o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) quer fazer dentro do projeto de duplicação da BR-381, no trecho entre Belo Horizonte e Governador Valadares, provocaram novo atraso no cronograma da obra. Em comunicado divulgado ontem, o departamento afirma ter alterado de hoje para 8 de maio a abertura dos envelopes da licitação para os quatro últimos lotes da obra. A justificativa, conforme consta no aviso de adiamento, é a necessidade de “adequação do cronograma físico-financeiro em função das desapropriações”. Um dos lotes que teve a data da abertura do envelope alterada é o que prevê obras no ponto da estrada que faz ligação com o Anel Rodoviário de Belo Horizonte. Na região está a Vila da Luz, onde moram 1.500 famílias, que já começaram a ser avisadas que terão que deixar suas casas. Em março, a reportagem do Estado de Minas esteve na vila. A maior parte dos moradores não quer se mudar. Porém, ainda não sabem quanto vão receber pela desapropriação. Os primeiros contatos entre o Dnit e as famílias, conforme relatos de quem vive na região, não indicavam a possibilidade de acordo. A vila não existe formalmente. As ligações de água e luz são clandestinas. As casas não têm endereço. Quem não mora na região, ao procurar por alguém, recebe como referência para a busca uma pequena árvore ou um muro. Pelo edital para as obras no trecho, as famílias seriam transferidas para imóveis cuja construção ficaria a cargo da empresa vencedora da concorrência. Ainda que em menor volume, outro lote com a abertura dos envelopes adiada, o que prevê obras entre os quilômetros 427 e 445, o segundo mais próximo da capital, também tem desapropriações a serem feitas. Já os outros dois lotes, que ficam entre o Ribeirão Prainha e o acesso Sul de Nova Era, e desse ponto até João Monlevade, foram deixados para o dia 8 para que seja estudado “com mais profundidade as interferências urbanas na produtividade e no planejamento da sequência de ações que compõem o plano de ataque das obras”. Nesse caso, entre os pontos que podem ter provocado o adiamento estão, por exemplo, as mudanças que precisam ser feitas no trânsito das cidades nos pontos cortados pela rodovia. Ordem As obras dos outros sete lotes da duplicação da BR-381 já podem ser iniciadas. No entanto, a presidente Dilma Rousseff (PT) ainda não assinou a ordem de serviço para que o começo da operação das máquinas. Conforme os planos do Palácio do Planalto, a intenção era que o documento fosse assinado em 30 de novembro do ano passado. Ontem, o Dnit informou não haver data para o começo da duplicação. Além do impasse com as desapropriações e intervenções urbanas, as obras na BR-381 já tiveram o cronograma atrasado por problemas nos editais, impasse entre o Dnit e o Instuto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama) e por dúvidas do Ministério Público em relação ao projeto. Os dois últimos imbróglios provocaram o adiamento da concessão da licença ambiental da obra, que só foi liberada em fevereiro.

Fonte e foto: Estado de Minas