Defasagem média no preço dos fretes é de 15%
O desequilíbrio no valor dos fretes cobrados no Brasil é um dos principais problemas enfrentados pelos transportadores de carga no país. Segundo a Associação Nacional dos Transportadores de Carga e Logística (NTC), a defasagem média entre o custo e o valor do frete por carreta hoje no Brasil está em 15%. Em algumas rotas, como no trajeto Manaus-São Paulo, que inclui trecho rodo-fluvial e escoa grande parte da produção da Zona Franca de Manuas, essa defasagem chega a 35%. "Isso reduz a rentabilidade das transportadoras. Em média, as 50 maiores do setor têm uma margem de apenas 2% sobre as vendas", diz Neuto Gonçalves dos Reis, diretor técnico da NTC.
A defasagem acontece apesar do represamento no preço dos combustíveis. "Esse insumo representa 30% do custo do frete. Se o diesel for reajustado em 10%, o impacto no frete é de 3% e o repasse tem de ser imediato", observa. As expectativas variam. "O setor sucroalcooleiro, por exemplo, espera pagar fretes de 5% a 10% mais altos para transportar açúcar", diz Newton Gibson, presidente da Associação Brasileira de Logística e Transporte de Carga (ABTC). "Já os produtores rurais do Centro-Oeste trabalham com uma redução média de até 40% no custo do transporte da safra em 2015, em levantamento feito pela Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja), por causa da nova rota de escoamento pelo Pará e da aguardada pavimentação na BR-163 sentido Cuiabá (MT) a Santarém (PA), a ser concluída."
Para Caio Wagner Couto, professor da pós-graduação de logística do IBMEC-MG, as distorções do frete no Brasil são provocadas pela ineficácia da estrutura dos modais de transporte no país. "Há uma concentração excessiva no modal rodoviário, que responde por cerca de 75% da carga, e sem integração. Uma carga de soja sai de trem no Centro-Oeste, mas tem de fazer transbordo para caminhão para chegar a São Paulo", diz. Gibson acrescenta que as condições inadequadas de uma rodovia podem até dobrar o valor final do frete. "Além disso, elevam o consumo dos combustíveis com acelerações e frenagens frequentes", diz.
Por Carlos Vasconcellos | Para o Valor Econômico, do Rio