Consumo de diesel cai 3,2% em Minas
Retração é reflexo da crise econômica que resulta em menor demanda pelo transporte de cargas
Indicador da atividade econômica, o consumo de óleo diesel desacelerou no primeiro trimestre em Minas Gerais. Reflexo da crise, o recuo foi de 3,2% em relação ao mesmo intervalo de 2015.
De acordo com dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), entre janeiro e março, o Estado consumiu 1,580 milhão de metros cúbicos de óleo diesel, contra 1,631 milhão de metros cúbicos nos três primeiros meses do ano passado.
Para o diretor do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo do Estado e Minas Gerais (Minaspetro), Bráulio Chaves, “a redução do consumo de óleo diesel reflete claramente a queda do nível de atividade econômica”. Ele acrescenta que também houve recuo no consumo de combustíveis de caminhões usados dentro de mineradoras no Estado, especialmente por causa da paralisação das operações da Samarco Mineração em Mariana (região Central), por conta do rompimento da barragem de rejeitos em novembro do ano passado. O presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Carga do Estado de Minas Gerais (Setcemg), Sérgio Pedrosa, corrobora com a opinião de Chaves. Na avaliação dele, o setor de transporte de cargas e, por consequência, o consumo de óleo diesel em Minas, seguem amargando os impactos da desaceleração da atividade econômica no Brasil. “Essa redução no consumo com certeza é reflexo do recuo da atividade econômica e ainda temos que considerar que 2015 é uma base de comparação fraca. No setor de transporte de cargas, há casos que a queda de volume de cargas transportadas chega a 20% e isso também indica retração no consumo do combustível”, afirmou. Apesar do consumo de óleo diesel no Estado estar caindo, a produção do combustível na Refinaria Gabriel Passos (Regap), em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), cresceu 5,7% no primeiro trimestre deste ano contra o mesmo período de 2015, mas mesmo assim não consegue atender a demanda. Enquanto a Regap produziu 920,2 mil metros metros cúbicos de diesel entre janeiro e março, o consumo foi 71,7% maior no mesmo período. Trocando em miúdos, isso significa que apenas 58,2% do diesel consumido em Minas Gerais é produzido pela Regap. Pedrosa lembra que a saída é o Estado “importar” o combustível de refinarias localizadas em outras unidades da federação, o que encarece o produto. “Isso mostra o sucateamento da refinaria de Betim. Faz basicamente duas décadas que a Regap não recebe investimentos em ampliação e hoje consegue suprir de gasolina e diesel praticamente só a Capital e a RMBH. Estamos falando de um raio de aproximadamente 200 quilômetros de Betim, enquanto as outras regiões de Minas são abastecidas por refinarias de outros estados”, explicou o diretor do Minaspetro, Bráulio Chaves. A situação da gasolina é semelhante à do diesel. O consumo do combustível caiu 3% na comparação do trimestre inicial deste ano com o mesmo de 2015, segundo os especialistas ouvidos pela reportagem, também devido à crise da economia nacional. Por outro lado, a produção pela Regap cresceu 3,7% na mesma comparação mas chegou a apenas a metade do volume demandado no período.
Fonte: Diário do Comércio