Comunicado Conet sobre a Defasagem de Frete
Pesquisa nacional realizada em janeiro de 2017 pela NTC&Logística em colaboração com a ANTT, envolvendo 1.785 empresas, revela uma significativa queda no faturamento do setor. Em 84% das empresas pesquisadas, o faturamento de 2016 caiu em média 19,13%. A queda maior foi para as empresas de lotação, nas quais atingiu 87% delas.
A pesquisa aponta alguns fatores que contribuíram para tal situação. Em primeiro lugar, estão os aumentos de custos, especialmente, as majorações nos últimos 12 meses de salários que chegaram a 8,72%, combustível 4,25%, despesas administrativas 9,20%, manutenção 6,58%, veículo 5,61%, e a lavagem 8,40%.
Cite-se, em segundo lugar, a redução drástica do volume de carga, provocada pela grande recessão dos últimos dois anos, quando a queda do PIB deverá ultrapassar a casa dos 7%. A redução do Índice ABCR de movimento de veículos pesados pelas praças de pedágio, de 14,81% em relação a 2013 e 6,72% apenas em 2016, dá bem uma ideia dos reflexos da recessão sobre o transporte rodoviário de cargas.
É importante destacar a existência de custos suportados pelas empresas e que necessitam ser cobrados conforme a especificidade do serviço, como é o caso do frete valor, GRIS – Gerenciamento de Risco, generalidades como a Taxa de Restrição de Trânsito – TRT, dentre outras, inclusive as de caráter emergencial e transitório como é o caso da EMEX – Emergência Excepcional criada para cobrir os custos decorrentes da situação de falta de segurança, escoltas urbanas e do aumento no valor da cobertura securitária para as cargas nas modalidades CIF e FOB cujo destino seja, por exemplo, nesse momento, a cidade do Rio de Janeiro até que termine o estado de beligerância que a assola e, cuja face mais cruel para o transporte é o roubo de carga.
Como se não bastasse tudo isto, o setor ainda enfrenta o comprometimento do seu faturamento com o aumento cada vez maior de fretes atrasados (14,90% segundo a pesquisa).
Esta situação é insustentável, sobretudo levando-se em consideração as margens estreitas de lucro praticadas pelas empresas do setor quando a economia está em expansão e que acabaram comprimidas pela recessão. O ano de 2017 promete ainda modesta recuperação na economia, muito embora se fale em uma safra recorde, cabendo ao empresário de transporte preparar-se para o crescimento que certamente virá nos anos seguintes.
Com relação ao frete rodoviário praticado a pesquisa aponta uma defasagem que já atingiu 24,83% na carga lotação e 11,77% na carga fracionada.
Estas defasagens foram calculadas comparando-se os valores das planilhas referenciais de custos da NTC&Logística, que não incluem impostos e margem de lucro, com os fretes médios praticados pelas empresas pesquisadas.
É imprescindível e urgente um realinhamento dos fretes praticados, acompanhado da necessária cobrança dos demais componentes tarifários, Frete-valor e Gris e as Generalidades do transporte.
Caso contrário, o País corre o risco de um grave colapso de uma atividade essencial para a economia e para a sociedade brasileiras.
Rio Quente/GO, 9 de fevereiro de 2017
Fonte: NTC&Logística