COMUNICADO CONET DE FEVEREIRO DE 2023


O Departamento de Custos Operacionais e Pesquisas Técnicas e Econômicas da NTC&Logística (Decope), responsável por estudos técnicos voltados à apuração de custos de transporte rodoviário de cargas e logística há 30 anos, apurou, no ano de 2022 (doze meses), o impacto da variação dos preços dos insumos do serviço de transporte rodoviário de carga, que resultou em uma inflação média para o setor de:

– 17,01% para o segmento de carga lotação ou fechada (INCTL – Índice Nacional de Custos do Transporte de Carga Lotação) e,

– 10,60% para o segmento de carga fracionada (INCTF – Índice Nacional de Custos do Transporte de Carga Fracionada).

Contribui de forma significativa para estes números os aumentos dos principais insumos utilizados pelo setor:

DieselArlaVeículoMão de obraSeguroRodagemManutençãoOutros
17.6%62,524,3%12,7%31,1%3,7%6,0%8,2%

É importante observar que estes valores do INCT se referem apenas a inflação dos últimos 12 meses, não refletem a defasagem do frete que persiste, reflexo dos aumentos fora do normal dos insumos pós pandemia:

Variação desde janeiro de 2021

DieselVeículoMão de Obra
71,7%66,720.6

Apesar do INCT indicar uma inflação acima da oficial medida pelo IPCA (5,79%) em 2022, o que traz muita inquietação para o setor é o repasse dos aumentos dos últimos 2 a 3 anos, quando o INCT atingiu alta histórica:

 INCT-LINCT-F
24 meses48,4%30,5%
36 meses59,1%42,8%

E, é sempre bom lembrar a falta do recebimento dos demais componentes tarifários, tais como, frete-valor que está relacionado aos custos dos riscos legais da atividade e do GRIS que remunera os custos inerentes às medidas de combate ao roubo de carga e os custos decorrentes dele.

Cabe salientar que muitas vezes os custos eventuais (generalidades), decorrentes de serviços inesperados tais como: devolução, reentrega, permanência de carga, estadias entre outros, podem ser superiores ao próprio frete peso. Uma situação que precisa ser tratada de forma adequada e rápida pelo mercado.

Concluindo, apesar da diminuição do ritmo dos aumentos o momento continua difícil, principalmente em decorrência da existência natural de incertezas com a mudança de governo, das consequências trazidas pela guerra que continua entre a Ucrânia e a Rússia, da taxa de juros básica que está alta, entre outras dificuldades. Agravando ainda mais a situação, verifica-se um aumento da dificuldade na contratação de motoristas e autônomos e, além disso, permanece elevada a quantidade de empresas transportadoras que não conseguiram repassar aos seus fretes os aumentos dos últimos anos comprometendo bastante os seus caixas, razão pela qual, o alerta tem caráter vital para a preservação da saúde financeira bem como a capacidade de investimento para atender as demandas do mercado.

Enfim, é prudente e sensato que o transportador e seus contratantes acertem o mais breve possível o repasse da inflação do período e acabem com as defasagens existentes, a fim de manter a qualidade e a garantia dos serviços de transporte de forma sustentável.

São Paulo, 10 de fevereiro de 2023.

Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística