Clésio Andrade comenta problemas de infraestrutura de transporte no país
Investir no progresso
Todos desejam sempre mais progresso, seja para sua vida pessoal e familiar, seja para seu bairro, cidade, Estado ou país. O progresso de uma nação possui várias importantes dimensões que dialogam entre si, permitindo o necessário apoio mútuo e a interconectividade que um tema de tal complexidade requer.
Evidentemente que o progresso necessita de políticas públicas que deem a indispensável sustentação política e que minimizem os possíveis impactos negativos que são gerados durante o processo, promovendo um desenvolvimento e crescimento sustentáveis ao longo dos anos, principalmente, em termos de transporte, energia e meio ambiente. As políticas públicas, por sua vez, precisam de amparo em uma gestão governamental ativa e empreendedora que estimule, crescentemente, a dinâmica econômica dos atores sociais, que fomente ações e estratégias impulsionadoras e que tenha processos decisórios ágeis. Indecisões, equívocos, lentidão, excesso de burocracia, falta de gestão adequada são alguns elementos indesejáveis ao progresso de uma nação. Entre as dimensões do progresso, temos a infraestrutura, vertente vital do país e um dos mais importantes desafios brasileiros atualmente. Como eliminar os gargalos que acabam com a competitividade do país e que restringem o investimento? Como recuperar, modernizar e aumentar a infraestrutura em hidrovias, ferrovias, portos, rodovias, aeroportos em tempo sincronizado com os requerimentos do crescimento econômico? A resposta a essa e a outras questões pode ser resumida em investimento, vontade política e gestão adequada. Não há caminho alternativo ou atalho. Para que o PIB cresça a taxas significativas, há necessidade de investimentos em infraestrutura de transportes, afinal, o Brasil é a sétima economia do mundo, segundo a OCDE. Em 2020, seremos o quinto maior mercado consumidor. Atualmente, o país possui o quarto maior mercado de veículos do mundo, o tráfego em nossas rodovias, nos últimos dez anos, cresceu 84%. O modal rodoviário transporta 66% das cargas brasileiras. A deficiente malha rodoviária longe está de se equiparar aos padrões internacionais, somente 13,9% são pavimentadas. Como ser a nação do futuro com esse quadro lamentável de infraestrutura? O progresso do país precisa também de uma adequada infraestrutura ferroviária, aquaviária, portuária e aeroportuária. Nos últimos dois anos, os investimentos federais aplicados em infraestrutura de transportes decresceram nos modais rodoviário, ferroviário e aquaviário, resultando em uma queda de 14% no investimento total. Apenas o modal aéreo teve aumento de 100% no nível de investimento, porém, isto não foi suficiente para impactar o investimento total devido a sua baixa participação na matriz de transporte. Segundo estimativas da Confederação Nacional do Transporte seriam necessários R$ 880 bilhões para recuperar e ampliar as malhas rodoviária e ferroviária, os portos e os aeroportos, incluindo a infraestrutura hidroviária, além de iniciar novos empreendimentos que eliminem os gargalos que prejudicam a integração intermodal e que impedem uma mobilidade urbana sem congestionamentos, poluição e acidentes. Não poderemos ter progresso sem nele investir, esta é condição indispensável para sermos o país do futuro. Clésio Andrade Senador Clésio Andrade, presidente da CNT e do Sest Senat