Caminhoneiros vivem rotina de medo nas estradas mineiras
O perigo que ronda as estradas é assunto frequente em todas as rodas de caminhoneiros. O tema, nos últimos tempos, não tem sido a precariedade das vias e risco de acidentes. Em encontros às margens das rodovias, em postos de combustíveis, eles trocam informações sobre rotas mais arriscadas, cargas visadas e mecanismos de prevenção. A preocupação tem fundamento. Apenas nos cinco primeiros meses deste ano, foram registradas 168 ocorrências de roubo de cargas em Minas Gerais, mais de um caso por dia, segundo dados da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds).
“Além do avanço das ocorrências, nos preocupa o fato de as práticas criminosas estarem cada vez mais sofisticadas. Os bandidos conseguem neutralizar até os aparatos de segurança mais avançados”, afirma o coordenador do Comitê Técnico de Segurança Logística do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas (Setcemg), Luciano Medrado.
Mesmo com o caminhão equipado com rastreador – item de segurança mais comum entre os transportadores de cargas –, um motorista de 76 anos, que, por medo, prefere não ter o nome divulgado, já foi assaltado três vezes nos últimos dois anos. “Fui seguido por um longo trecho e tive arma apontada na cabeça. Sempre fica o medo de a próxima vez ser pior”, conta o caminhoneiro, abordado, na última vez, no trajeto entre Contagem e Juiz de Fora, para onde levava material de banco.
Por causa do estresse resultante das ameaças de bandidos e dos prejuízos, o motorista, que tem 55 anos de profissão, resolveu parar. “Não é uma coisa isolada. Meus colegas passam por isso diariamente e todos temos receio até de falar sobre o assunto. Coloquei o caminhão à venda”, desabafa o caminhoneiro.
Também vencido pelo medo, o agora desempregado A.T.F., de 43 anos, abandonou a profissão. “Tinha apenas um mês que estava na empresa e fui assaltado. Fui amarrado e deixado no mato, à noite, depois de os bandidos me ameaçarem de morte”.
Em 2011, foram registrados 360 casos de roubos de cargas em Minas. No ano passado, o número subiu para 414. Os alvos mais procurados são produtos eletrônicos, cigarro e bebida. “Em algumas regiões do Estado, não é possível transportar celulares sem escolta armada. Mesmo assim, ainda ocorrem roubos” explica Medrado.
Foto: Divulgação PRF Fonte: Portal Hoje em Dia