Brasil entra em recessão com queda de 1,9% do PIB


Desempenho do segundo trimestre foi o pior desde o início de 2009

Rio de Janeiro - A economia brasileira encolheu 1,9% no segundo trimestre, na comparação com o primeiro trimestre do ano, informou na sexta-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). o pior resultado para qualquer trimestre desde o período entre janeiro e março de 2009, quando o recuo foi de 2,2%. E é o pior resultado para um segundo trimestre de toda a série histórica, iniciada em 1996. Foi pior que o esperado, já que analistas previam queda de 1,7%. Na comparação com o segundo trimestre do ano anterior, a queda foi de 2,6%. No acumulado do semestre, o recuo foi de 2,1% e, em 12 meses, de 1,2%. No primeiro trimestre deste ano, o Produto Interno Bruto (PIB) revisou a queda de 0,2% para 0,7% frente aos últimos três meses de 2014. Com o resultado negativo entre abril e junho, o país voltou a entrar em recessão técnica - termo usado por economistas quando há duas quedas seguidas do PIB. A última vez que isso ocorreu foi no auge da crise global de 2008. O tombo daquela época, no entanto, foi bem mais intenso: contrações de 3,9% no quatro trimestre de 2008 e de 1,9% no primeiro trimestre de 2009. No ano passado, o país chegou a cair em recessão entre o primeiro e o segundo trimestre, mas a seqüência de variações negativas foi anulada por revisões de cálculos nos meses seguintes.

Com a queda no segundo trimestre e as revisões, este é o terceiro trimestre sem crescimento da economia brasileira na comparação com o trimestre anterior. Pela nova série, o PIB se manteve estável (com taxa zero) no quarto trimestre. Antes da revisão, a taxa tinha sido de 0,3%. Quase todos os componentes do PIB recuaram no segundo trimestre, frente ao trimestre anterior. A exceção foi o consumo do governo, que subiu 0,7%. O investimento - medido pela Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) - caiu 8,1%. A indústria, por sua vez, teve perda de 4,3%, enquanto na agropecuária essa taxa foi de -2,7%. "A construção civil e a indústria de transformação foram as duas atividades com pior desempenho no segundo trimestre frente ao primeiro trimestre e isso se reflete no investimento. Comércio, agropecuária e transporte também tiveram resultado pior que a média do PIB para o período", apontou a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.

Consumo - O consumo das famílias diminuiu 2,1%, o pior desempenho desde o terceiro trimestre de 2001, quando recuara 3,2%. o segundo trimestre seguido de queda no consumo das famílias na comparação anual, ou seja, em relação a igual trimestre do ano anterior. Antes disso, o consumo das famílias tinha subido por quase 11 anos: 45 trimestres seguidos, ou desde o último trimestre de 2003. Em valores correntes, o PIB chegou a R$ 1,428 trilhão no trimestre. A taxa de investimento no segundo trimestre foi de 17,8% do PIB, abaixo dos 19,5% do segundo trimestre de 2014. Já a taxa de poupança ficou em 14,4%, ante 16% em igual período de 2014.(AG)

Fonte: Diário do Comércio