Brasil e China assinam 32 acordos
Aproximação beneficia vários setores, como agropecuário, mineração e automotivo, e prevê ainda parcerias em obras de infraestrutura Os governos da China e do Brasil assinaram ontem 32 acordos bilaterais. A lista é diversa: vão desde a construção de duas fábricas no País até o tão aguardado fim do embargo chinês à carne bovina brasileira, passando pela venda de 60 aviões da Embraer e a construção de uma linha férrea entre Mato Grosso e Goiás. Alguns anúncios feitos pelos presidentes no dia ainda não estão no papel. Os investimentos resultantes não foram computados, mas apenas as duas fábricas, de motores para ônibus urbanos e outra de equipamentos para construção civil, alcançam US$ 400 milhões. A visita do presidente chinês, Xi Jinping, conseguiu desenrolar dois dos principais problemas brasileiros no mercado do país: o embargo da carne e a produção de aviões pela Embraer na fábrica construída em 2002. O embargo da carne teve altos e baixos. Em 2004, Lula chegou a inaugurar uma "diplomacia pelo estômago", levando o ex-presidente chinês Hu Jintao e sua comitiva para um churrasco na Granja do Torto, mas não conseguiu convencer os chineses a abrir as portas para o produto brasileiro. Anos depois, os frigoríficos brasileiros foram autorizados a vender por um breve momento, mas tiveram as importações suspensas quando houve suspeita da doença de Vaca Louca no Paraná, em 2012. A suspensão do embargo estava sendo negociada, mas uma semana antes da visita ainda não estava decidida. O martelo foi batido na reunião de ontem, entre os presidentes, em um sinal de boa vontade dos chineses, e foi anunciado pela própria presidente Dilma Rousseff em declaração à imprensa, ao final da visita. "Identificamos, ainda, amplas oportunidades de cooperação no setor do agronegócio. Nossa determinação é a de superar quaisquer dificuldades técnicas e sanitárias que limitem a ampliação do comércio bilateral. Congratulei-me com o Presidente Xi pelo levantamento do embargo e disposição de compra de carne bovina para a China, que abre grandes oportunidades para o agronegócio brasileiro", afirmou Dilma. Os acordos também incluíram o anúncio de parcerias entre empresas chinesas e brasileiras para investimentos em infraestrutura e construção de fábricas no Brasil. Uma delas será em Campinas - prevê investimento de US$ 95 milhões e vai produzir motores para ônibus urbanos. Outra, em Jacareí (SP), fará maquinário para a construção civil, em um investimento de US$ 300 milhões e projeção de criar mil empregos. Parcerias. Foram assinadas, ainda, parcerias entre Eletrobrás, Furnas e a chinesas Três Gargantas para participarem juntas na licitação para construção da hidrelétrica do rio Tapajós. Outro acordo será entre a China Railway Construction Corporation (CRCC) e a construtora Camargo Corrêa para participar das licitações para a ferrovia transoceânica, que ligará os oceanos Pacífico ao Atlântico. O primeiro trecho a ser leiloado deve ser a ligação entre Lucas do Rio Verde (MT) e Campinorte (GO). "Vamos seguir estimulando o crescimento do comércio bilateral e fazer cooperação no setor de petróleo, energia elétrica, minério de ferro, agricultura, entre outros", disse o presidente chinês na sua declaração à imprensa. "A China está disposta a conduzir com o Brasil cooperação estratégica na construção de ferrovias e obras de infraestrutura para elevar o nível da nossa cooperação em todos os aspectos." A Vale e o Banco da China (BOC) firmaram memorando de entendimento para cooperação em financiamentos globais. De acordo com o Palácio do Planalto, o memorando prevê financiamento do BOC para a Vale e terá validade de três anos.
Fonte: Agência CNT de Notícias