Artigo - O ótimo e o possível
Desde 2014, temos acompanhado recordes seguidos de déficit nas contas públicas. Para tentar, literalmente, salvar a pátria, o governo interino propôs as famosas "medidas impopulares", que vão desde as restrições dos gastos com saúde e educação até a reforma da previdência e o aumento de impostos. Leia o artigo do vice-presidente da NTC&Logística, Urubatan Helou, sobre o tema, publicado na coluna do jornal O Tempo desta segunda-feira (20).
Desde 2014, temos acompanhado recordes seguidos de déficit nas contas públicas. São resultados negativos, que interromperam mais de 15 anos de saldos positivos nas contas federais. Tudo indica que, neste ano, o Brasil caminha para um recorde de R$ 200 bilhões no vermelho. Para tentar, literalmente, salvar a pátria, o governo interino propôs as famosas "medidas impopulares", que vão desde as restrições dos gastos com saúde e educação até a reforma da previdência e o aumento de impostos.
Essa última alternativa, para conter o déficit público, é um engano brutal. O aumento de tributos invariavelmente desincentiva a atividade econômica, motivando recessão, ao contrário do alívio tributário que se espera. Se a atividade econômica estiver motivada, a tendência de aumento do Produto Interno Bruto (PIB) é inexorável, tornando o déficit público menor diante do PIB.
Três ações, se colocadas em prática, ajudariam a atividade econômica a deslanchar: a redução do Custo Brasil naquilo que politicamente for possível (o momento é agora); não alterar o ônus tributário (mostrar de forma clara à sociedade; e isso o governo está fazendo); e flexibilizar a CLT, permitindo que o acordado prevaleça sobre o legislado.
Se conseguirmos esses pequenos avanços agora, o novo governo legitimamente eleito pelo povo em 2018 terá caminho livre para efetivar avanços com reformas que possam tornar moderno o Estado. Uma revisão na legislação eleitoral já seria um grande avanço, principalmente, se esta promover a desvinculação do voto proporcional, aquele em que a representação política é distribuída proporcionalmente entre os partidos políticos ou coligações. Assim, não teríamos políticos biônicos como hoje, exercendo atividade política sem a chancela da população.
Neste momento político, o governo não consegue avançar mais que isso. Apesar de ainda estarmos longe da economia desejada, já podemos esperar um 2017 melhor e, para isso, precisamos nos preparar.
Existe o ótimo e o possível. Neste momento, se o governo fizer o possível, já está ótimo.
Urubatan Helou, vice-presidente da NTC&Logística