Arla 32: o “jeitinho” que sai caro
Saiu na revista Carga Pesada: considerando a frota de caminhões que saiu de fábrica nos últimos quatro anos, já com nova tecnologia de motores atendendo às normas do Proconve P7, o consumo de Arla 32 estaria 43% abaixo do esperado.
A informação é da Associação dos Fabricantes de Equipamentos de Controle de Emissões de Poluentes da América do Sul (Afeevas), entidade que reúne os fabricantes do reagente à base de ureia necessário, juntamente com o diesel S10, por reduzir as emissões dos gases de escape.
Esse assunto foi apresentado e debatido no 13º Fórum SAE BRASIL de Tecnologia de Motores Diesel, realizado em Curitiba no dia 23 de agosto, e que tratou do futuro dos motores a diesel. Já que é uma nova norma, o Proconve P8, deve ser exigida dentro de alguns anos a exemplo do que já acontece na Europa.
“Mesmo que parte da frota esteja parada em função da crise, é grande o número de caminhões que tem circulado sem o uso correto do Arla e isso, pela legislação, é fraude passível de punição”, alertou o diretor adjunto da associação, Elcio Farah.
Segundo uma cartilha da Afeevas, o ARLA 32, é um reagente usado com a tecnologia de pós-tratamento dos gases de escapamento dos veículos chamada SCR - Selective Catalytic Reduction (Redução Catalítica Seletiva), para reduzir quimicamente a emissão de óxidos de nitrogênio (NOx), família de gases responsáveis pela formação do ozônio na baixa atmosfera e vários problemas adversos ao sistema respiratório.
O ARLA 32 e o SCR proporcionam drástica redução da emissão de óxidos de nitrogênio presentes nos gases de escape dos veículos a diesel, permitindo que os fabricantes também implantem nos motores calibrações que reduzem significativamente a emissão de material particulado. Dependendo da calibração do motor, o consumo de combustível também pode ser reduzido.
Conforme a regulamentação ambiental, o proprietário e o usuário do veículo são responsáveis pela correta manutenção e operação dos sistemas de controle de emissão, o que inclui o abastecimento do ARLA 32 e o sistema SCR. Essas e outras obrigações serão verificadas nos programas de inspeção sendo implantados ou já em operação no país.
“Veículos a diesel pesados representam menos de 10% da frota, mas eles, no seu conjunto, emitem 50% da poluição. Portanto, se eu tiver veículos a diesel que emitam menos, eu resolvo a poluição do Brasil pela metade”, avalia o professor de medicina da USP, Paulo Saldiva.
Além de constituir crime ambiental e atentar contra o meio ambiente, a dispensa do Arla 32 contribui para a perda de potência. O veículo estará automaticamente fora da garantia do fabricante. Com o tempo, ele pode até poder parar de funcionar e requerer elevados custos de reparação, como a troca do catalizador e dos injetores. Portanto, trata-se de um “jeitinho” que pode custar caro.
Diretor Técnico Executivo da NTC&Logística, membro da Câmara Temática de Assuntos Veiculares do CONTRAN e presidente da 24ª. JARI do DER-SP.