Ano ruim para transportadores de cargas
Com indústria estagnada, produção agropecuária permitiu equilíbrio do setor ao longo de 2012. O ano de 2012 não foi dos melhores para o setor de transporte de cargas em Minas Gerais, na perspectiva econômica, mas politicamente houve grandes avanços. Esta é a avaliação do presidente da Federação das Empresas de Transportes de Carga do Estado de Minas Gerais (FETCEMG), Vander Francisco Costa, que prevê para 2013 um período também sem grande incremento. "Se o governo federal conseguir executar alguns de seus projetos, entre eles o pacote de incentivo à infraestrutura, em 2014 teremos um crescimento mais efetivo", indica. "Em termos econômicos, este ano o transporte em Minas foi decepcionante, mantendo-se nos mesmo níveis do ano passado, com ligeira variação positiva para uns e negativa para outros", avalia Costa. Segundo ele, o setor, que reúne cerca de 2 mil empresas, com uma frota de 180 mil veículos e com 50 mil trabalhadores, depende, fundamentalmente, do desempenho de dois grandes segmentos: indústria e agronegócio. E como o desempenho industrial mineiro acompanhou o nacional, ficando aquém do esperado, foi a produção agropecuária que permitiu um certo equilíbrio na área de transporte de cargas ao longo deste ano. Segundo o dirigente, em 2012 o setor refletiu o desempenho da indústria brasileira, com expressiva redução no volume de cargas transportadas. Enquanto o transporte de produtos importados é limitado, restringindo-se ao trajeto que liga o porto ao ponto de consumo, no caso da produção industrial brasileira, o serviço inclui ainda a movimentação da matéria-prima. Caminhões - O agravante, segundo ele, é que no ano passado muitos empresários, acreditando na projeção de um Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro superior a 4%, investiram na aquisição de caminhões com inovação tecnológica. "Em alguns casos, diante da redução da demanda, foi preciso vender parte da frota. E como o mercado está desaquecido, o preço de venda era baixo." Para o próximo ano, Costa faz uma projeção "realista". Em sua avaliação, enquanto não houver investimentos, de fato, não há como o país crescer em 2013. Nem mesmo o anúncio feito pelo governo federal, de um pacote de concessões para o setor de infraestrutura, anima o dirigente. Pelas suas contas, se o cronograma for cumprido, somente nos três ou quatro primeiros meses de 2013 será concluído o projeto básico, e até que se chegue à fase de execução, o ano já terá terminado. "Nós não transportamos projetos. Transportamos produtos, materiais de construção", resume Costa. nessa perspectiva que ele acredita em alguma reação da economia somente em 2014, quando os projetos começarão a ser executados. A desoneração da folha de pagamentos, que reduz o custo de pessoal de alguns segmentos, também não é considerado um grande indutor de crescimento. "A medida onera o faturamento", critica, lembrando que o que se espera é a redução do custo de produção para alavancagem da indústria brasileira. Legislação - A boa notícia, segundo Costa, foi a aprovação da Lei 12.619, de 30 de abril deste ano, que limita o tempo ininterrupto de direção veicular do motorista de caminhão ou ônibus que trafegam em rodovias e estabelece prazos para descanso. No entanto, a legislação dividiu as opiniões. "Houve alguma resistência por parte dos 5% dos motoristas que usavam rebite para trabalhar sem descanso e ganhar mais. E houve resistência também por parte de alguns clientes, diante do aumento de custos, da ordem de 15%", informa. No entanto, além da própria segurança dos trabalhadores, Costa usa como argumento em favor da lei o fato de que essa elevação de custo pode ser diluída pela cadeia produtiva. "Para se ter uma ideia, esse aumento significa um centavo a mais no preço de um litro de leite", pondera. "Quem brigou muito por causa disso foi o pessoal da safra de grãos", sinaliza Costa, tendo em vista que o tempo de transporte de Mato Grosso até Paranaguá, que era de dois a três dias, duplicou. "Se o empresário quiser reduzir o tempo, a opção é contratar dois motoristas. E o custo aumenta", explica. Segundo Costa, apesar desse aumento de custos, há que se reconhecer que o setor tem investido em caminhões com inovações tecnológicas, o que tem permitido triplicar o volume de carga transportado, com um único motorista. Até o ano 2000 um caminhão poderia transportar até 12 toneladas de carga. E hoje, um caminhão com duas carretas tem capacidade para 36 toneladas. "Nossos investimentos contribuíram para reduzir custos", defende. FONTE: Diário do Comércio