Agenda ESG exigirá das empresas novas formas de demonstrar conformidade


 

O ambiente regulatório em torno das boas práticas foi um dos temas tratados durante a Missão Internacional do Transporte – Suíça 2023

Na imersão acadêmica da Missão Internacional do Transporte Suíça – 2023 promovido pela CNT, o professor Florian Hoos, do IMD (International Institute for Managemente Devolopment) falou sobre regulamentação e formas de mensurar a adesão aos princípios ESG (ambiental, social e governança). O especialista prevê um movimento regulatório intenso nos próximos meses, de modo que as empresas terão de fazer um grande esforço para estar em conformidade. 

Segundo Hoos, está a caminho uma definição de padrões por parte de órgãos regulatórios regionais e transnacionais, embora cada setor da indústria tenha a prerrogativa de definir quais critérios serão observados. O desafio é que a observância dos standards tende a ser obrigatória – por lei ou pela imposição do mercado. 

Para ele, esse é o “copo vazio”, pois o novo ambiente exigirá grande investimento por parte das companhias. O “copo cheio” são as oportunidades envolvidas. “Se ESG é importante para os seus clientes e para os seus empregados, a conformidade é uma vantagem competitiva para a sua empresa”, garante o professor. Nesse contexto, o relatório de ESG será um documento precioso e as empresas precisarão confeccioná-lo sem relegarem a parte financeira.

Hoos diz que as corporações precisarão ser “ambidestras”, manejando a estratégia corporativa com relatórios de ESG para consumo interno e, com a outra mão, mostrando práticas e indicadores para o mercado, com relatórios externos. Os documentos também serão duplicados quanto à materialidade, ou seja, os relatos terão de ter métricas para stakeholders (impacto social e ambiental), além dos números de lucro ou prejuízo.

Na segunda palestra do dia, o professor Michael Yaziji instigou a delegação de empresários com perguntas sobre ética e a influência de fatores psicológicos na tomada de decisão. Falou sobre crise e imagem, fazendo uma distinção clara entre atores comerciais e não comerciais. De acordo com ele, as relações comerciais são mais simples, pois estabelecidas de comum acordo entre as partes. Por outro lado, as não comerciais têm múltiplos polos e motivações variadas – daí a importância de as empresas investirem em gestão da reputação.

Yaziji, que é especialista em Estratégia e Liderança, conduziu diversas dinâmicas envolvendo escolhas difíceis (trade-off), de modo que a decisão nunca resultaria em um cenário do tipo “ganha-ganha”, mas com perdas – ou de capital financeiro ou de capital simbólico ou de capital humano. “Encorajo vocês a conversarem com o seu time sobre isso e alinhar: qual é o papel social da companhia? Como nós lidamos com um trade-off que envolva nossos stakeholders?”, provocou.